Por Cláudia Burdzinski e Edinei Cruz/Portal RDX
A reportagem da RDX teve acesso com exclusividade ao fragmento localizado na propriedade de João Ricardo Pacheco Portes e Joseane Maria Franco Portes, na localidade de Água Suja, interior de São Mateus do Sul. A família acredita que o objeto trata-se de um fragmento do lixo espacial que pôde ser visualizado na semana passada na região.
João Ricardo, que é mecânico e trabalha com erva-mate, encontrou o objeto na manhã desta quarta-feira (16), enquanto percorria a propriedade da família. “No começo pensei que fosse uma barraca”, comenta.
A peça encontrada em São Mateus do Sul mede aproximadamente 4 metros de comprimento e 6 metros de diâmetro.
Em entrevista ao Portal G1 no dia 8 de março, o astrônomo indicado pelo Observatório Nacional, Carlos Rutz, explicou que o lixo espacial pode ser de restos de um foguete da SpaceX. “Trata-se do corpo de um foguete do Falcon 9, que foi lançado no dia 19 de dezembro de 2021, na Califórnia [EUA], com o objetivo de levar satélites Starlink, que vão trazer internet para todo o planeta”, disse.
Após encontrar o material, Joseane entrou em contato com a reportagem da RDX informando o ocorrido. A família afirma que ouviu o barulho do lixo espacial passando pela região.
Em entrevista para a RDX, Gerson Cesar Sousa, que já realizou curso de Astrofísica Estelar e Cosmologia pelo Observatório Nacional e especialista em Astronomia pela UFRS, explicou o que são lixos espaciais:
“Desde que o ser humano mandou o primeiro satélite para o espaço, em 1957, muitos objetos foram colocados na atmosfera da Terra. Vários deles, após cumprirem sua missão, ficam orbitando o planeta e eventualmente reentram na atmosfera. Estima-se que mais de 4.000 satélites já tenham sido colocados em órbita, e que haja cerca de 300 milhões de resíduos orbitando a Terra. Esses resíduos são o lixo espacial, pedaços de satélites/foguetes, ferramentas, luvas e outros objetos usados em missões espaciais. A grande maioria são muito pequenos, e queimam totalmente na atmosfera, sem chegar ao solo. Os maiores são monitorados pelas agências espaciais, pois podem trazer risco à população. No caso específico deste de São Mateus do Sul, se for confirmado ser um lixo espacial, me parece algo preocupante, pois significaria um objeto de grande porte, caindo numa cidade, sem o devido controle. Importante que seja averiguado por autoridades da área.”