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Por conta do cenário positivo, Secretaria de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar de Irati já anunciou a retomada da tradicional Festa do Pêssego em dezembro
Legenda 3: O agricultor Esmeraldo Castanho cultiva pêssego há 15 anos Fotos: Karina Ludvichak

Karina Ludvichak, com reportagem de Nilton Pabis

O mês de setembro marca o início de uma das estações mais coloridas do ano, a primavera. E com sua chegada, que acontece oficialmente no dia 22 deste mês, Irati conta com um espetáculo que enche os olhos e renova as esperanças dos agricultores. A florada do pêssego anuncia para o município o início de uma safra produtiva, por isso, a equipe do Folha Agro foi até a comunidade do Pirapó, localizado no interior de Irati, para conhecer uma propriedade que trabalha com o pêssego e está coberta pelo tom rosado das flores.

Depois de um ano marcado por geadas severas e fora de época, que praticamente anularam a produção de 2024, os produtores vivem agora um momento de otimismo, apostando em uma colheita recorde, caso o tempo e as baixas temperaturas não afetem o desenvolvimento dos frutos até o fim do ciclo produtivo.

O agricultor Esmeraldo Castanho, que cultiva pêssego há 15 anos, comemora a boa florada deste ano em seus dois hectares de pomar. Com 950 pés já em produção e outros 250 recém-plantados, ele estima colher entre 20 e 30 quilos de frutas por árvore. “No ano passado, de 950 pés de pêssego, colhi 200 quilos de fruta, entre todas as variedades. Então, praticamente o ano passado não teve produção de pêssego. Tanto que nem a festa do pêssego não saiu. Esse ano, pela expectativa que a gente está, é super safra, se tudo correr bem até a colheita”, conta.

Produtores apostando em uma colheita recorde, se a safra não for afetada por mudanças no tempo – Foto: Karina Ludvichak

Entre as variedades cultivadas, estão nomes conhecidos como Fascínio, CVF Prata, Rubamur, Regalo e o Eragil, pêssego amarelo de caroço solto, cuja colheita ocorre entre 10 e 15 de janeiro. Os primeiros frutos, no entanto, começam a ser colhidos já em novembro, com a variedade Fascínio. Esmeraldo explica que tem apenas uma variedade amarela devido à dificuldade de comercialização e suscetibilidade do Eragil a doenças.  “No mercado, hoje, a venda do branco é muito maior do que o do amarelo. O amarelo não é um pêssego chamativo. É um pêssego muito gostoso, mas não é um pêssego chamativo. Então, o branco tem muita mais saída, muito mais venda”, observa.

Segundo o engenheiro-agrônomo Toninho Martins, da Secretaria Municipal de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar, o bom resultado deste ano se deve ao inverno adequado, com frio suficiente para despertar as plantas sem a necessidade de produtos químicos. Ele lembra que o ciclo do pêssego exige cuidados em cada etapa. “Em agosto é feita a poda de inverno. Então são retirados os ramos que não vão produzir, que já produziram (no ano anterior). É conduzido os ramos da maneira que a gente quer que fique a produção. E depois vem a florada, aí no momento da florada temos que fazer tratamentos, dependendo do ano, mais chuvoso, mais tratamentos. Ano menos chuvoso, menos tratamentos para proteger as flores”.

Outro fator determinante para a qualidade do fruto é a folhagem. Toninho explica que são necessárias cerca de 20 folhas para nutrir um único pêssego, e esse processo age em conjunto com o “raleio” das flores para resultar em frutos mais saudáveis, nutritivos e resistentes. “Passada a florada, agora começa o desenvolvimento dos frutos, começa a enfolhar, e aí nós vamos ter a fase do raleio. Então o raleio é essencial para que depois a gente tenha frutos de bom tamanho, que o mercado quer […] você vai deixar uns 10% das flores. O restante tem que tirar fora, senão vai dar fruto miúdo”.

A produção no Pirapó chama atenção também pelo manejo moderno. Esmeraldo utiliza o sistema de condução em “V”, que facilita a colheita e reduz perdas durante a pulverização. A irrigação por gotejamento e o uso de atomizador também garantem mais eficiência no cultivo.

Florada do pêssego anuncia para o município o início de uma safra produtiva – Foto: Karina Ludvichak

FESTA DO PÊSSEGO

Além do aspecto produtivo, a florada é um espetáculo à parte, transformando pomares em cenários dignos de cartão-postal. Esse encanto, aliado à importância econômica do pêssego, é celebrado na tradicional Festa do Pêssego de Irati, que terá sua próxima edição nos dias 6 e 7 de dezembro deste ano. O evento, que existe há mais de 40 anos, retorna com força total após um período de incertezas

O secretário da Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar de Irati, Amilton Brandalize, destacou o empenho da gestão em fortalecer a fruticultura local. “Somos o maior produtor de pêssego aqui da Amcespar e queremos resgatar essa produção de fruticultura, para que todos tenham um pouco mais de renda nas pequenas propriedades. E a festa vem aí já com data marcada, já fizeram as reuniões, estamos prontos para fazer essa festa do pêssego. Talvez, sendo a melhor festa do pêssego este ano, graças a Deus, a florada veio muito bem”, enfatiza.

Com a expectativa de super safra, os produtores já se preparam para o aumento da demanda. A festa, além de valorizar a tradição, é uma vitrine para a fruta, reunindo consumidores, agricultores e visitantes em torno da cultura do pêssego.

Se as previsões se confirmarem, a florada de 2025 ficará marcada não apenas pela beleza, mas como símbolo de renascimento e prosperidade para os fruticultores de Irati.

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