Leticia H. Pabis
Na noite da última sexta-feira, 18 de julho, a Casa da Cultura de Irati abriu as portas para a exposição “Além do Visível”, assinada pelo fotógrafo iratiense Rodolfo Aziliero Duda. A mostra reúne 100 imagens que retratam, sob diferentes ângulos, cenas urbanas, detalhes da natureza e registros que muitas vezes escapam ao olhar apressado do cotidiano.
As fotografias ocupam as paredes da galeria principal e dividem espaço com uma vitrine de câmeras fotográficas antigas, compondo um recorte visual da história da imagem, tanto a partir das ferramentas utilizadas quanto da produção artística mais recente.
O artista Rodolfo é natural de Irati e desde criança demonstrava interesse pelas artes visuais. A pintura foi sua primeira forma de expressão, cultivada ainda na infância durante aulas de desenho. A ligação com a fotografia, porém, surgiu de forma espontânea, durante uma saída para observar uma superlua, quando registrou o fenômeno com o celular e a partir dessa experiência, passou a explorar novas possibilidades com a câmera e desenvolveu seu próprio repertório de imagens.
A mostra foi viabilizada com recursos da Lei Aldir Blanc e teve apoio da Secretaria de Cultura de Irati. As imagens exibidas foram produzidas ao longo dos últimos anos, mas nunca haviam sido exibidas em exposições anteriores.

A seleção das fotos, impressão, emolduramento e montagem do acervo foram etapas articuladas desde o início de 2025. “Essa exposição, primeiramente, exigiu que a gente reunisse fotos que o Rodolfo já tinha produzido, no caso, são 100 fotografias originais dele, nunca expostas antes. A gente precisou ir até Curitiba para fazer as molduras e a impressão. Então foi todo um processo de construção. Também tivemos que procurar câmeras fotográficas para compor a exposição, junto com o registro da história de cada uma. A ideia era justamente contar essa história das câmeras, para complementar o conjunto. O dia de hoje é resultado de uma construção feita de pequenas histórias, que juntas completam o que a gente está vendo aqui”, disse Patrícia de Paula, que atuou junto de Rodolfo na elaboração, organização e divulgação da exposição.
Em seu trabalho atual, o celular continua sendo um dos equipamentos principais. Segundo Rodolfo, além da praticidade, o aparelho concentra todos os aplicativos de edição que ele utiliza, o que torna o processo de criação mais fluido. Ainda assim, em algumas situações específicas, como fotografias à distância, a câmera profissional segue sendo utilizada.
Entre as imagens expostas, uma em especial tem destaque pessoal para o artista: o retrato de uma coruja pousada em um morro de terra. Ela carrega um significado afetivo e foi resultado de um encontro inesperado com a natureza.
“Eu estava indo trabalhar lá na Pascom, na Igreja Nossa Senhora da Luz, que eu faço parte. Sempre levo os equipamentos fotográficos comigo. Aí, numa tarde, acho que era de tarde mesmo, com pouco sol, eu vi ela, assim… naquele morrinho de terra. Vi ela sentadinha. Só que diziam que ela tinha a segunda perninha, né? Mas eu não consegui ver a perna dela. Aí eu tirei a foto”, contou Rodolfo sobre o processo de captação da imagem da coruja, a qual ele diz ser sua favorita de toda a exposição.

O processo de construção do olhar fotográfico de Rodolfo foi reforçado durante a pandemia, quando passou a caminhar mais sozinho e a prestar atenção em paisagens e detalhes antes ignorados.
“Foi na época da pandemia que ele despertou para fotografia. Porque ele saía sozinho e começou a fotografar. Eu fico muito, muito, muito feliz. É o retorno de toda a história do Rodolfo, desde que ele nasceu até agora. Então, essa exposição aqui combina com uma grande alegria mesmo de ele poder mostrar do que ele é capaz”, comentou a mãe de Rodolfo, Gilda Carneiro Aziliero Duda.
Durante a cerimônia de abertura da exposição, o clima foi de celebração ao talento de Rodolfo. Amigos, familiares e visitantes passaram pela galeria e conversaram com o autor das obras.
Para o secretário de Cultura e Turismo de Irati, João Vitor Sviech, a exposição é mais uma oportunidade de valorizar talentos locais e permitir que a população se reconheça nas linguagens artísticas produzidas na cidade. Ele reforça o convite para que a comunidade prestigie o evento, que segue até o dia 15 de agosto, com entrada gratuita.
Rodolfo foi contemplado por meio da Política Nacional de Cultura, através da Lei Aldir Blanc, a qual tem como um de seus principais objetivos a democratização da cultura, então as instruções normativas dessa política preveem a inclusão e a diversidade de perfis artísticos. Leonardo Barroso, que atuou junto a Rodolfo no processo de captação de recursos, menciona que Rodolfo já demonstrava há muito tempo o desejo de realizar uma exposição fotográfica na Casa da Cultura.
“Ele sempre dizia para a gente: ‘Olha, meu sonho é fazer uma exposição fotográfica na Casa da Cultura’. Mas tudo isso tem custo, exige disponibilidade, precisa de uma equipe. E aí a gente comunicou para ele: ‘Rodolfo, tem uma oportunidade muito boa para você. Você pode tentar um projeto seu dentro da Política Nacional Aldir Blanc, executada aqui pelo município’. E hoje é uma alegria ver que ele seguiu esse caminho, que escutou nosso conselho, participou, fez um bom projeto… e agora a gente está aqui vendo essa exposição maravilhosa, podendo celebrar talvez a realização de um sonho”, contou Leonardo.
A exposição fica aberta na Casa da Cultura de Irati, localizada na Rua 15 de Julho, nº 329. A entrada é gratuita.