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Foto: Nadia Michaltchuk/Diário do Iguaçu

Produtores da região enfrentam impactos do fenômeno El Niño

Kauana Neitzel

O ano de 2023 não tem sido fácil para os produtores da região Sul do país, principalmente, na cultura do trigo. O grande volume de chuva impactou diretamente na colheita de trigo na região os desafios climáticos decorrentes do fenômeno El Niño tem prejudicado as lavouras do grão, tanto em produtividade como em qualidade, é o que conta o diretor presidente da Moageira Irati, Marcelo Vosnika, e produtores.


No Paraná, o segundo maior estado produtor de trigo do Brasil, a estimativa da safra de trigo sofreu novo corte em outubro. O Departamento de Economia Rural projeta que serão produzidas quase 3,9 milhões de toneladas na área de 1,41 milhão de hectares nesta temporada, representando uma queda de 17% ou 300 mil toneladas a menos do que o estimado em setembro. Ainda assim, a perspectiva é que a produção nacional cresça, em virtude do aumento da área.


Por outro lado, o excesso de chuvas aumentou a incidência de doenças e dificultou a colheita do grão com o teor de umidade ideal. Esse cenário acabou restringindo as aplicações do trigo pela indústria moageira ou na destinação de volumes para a alimentação animal.


De acordo com o Deral, as doenças foram determinantes para a queda da produtividade. Além disso, o excesso de chuvas em outubro colaborou para que não se atingissem produtividades melhores. Além da queda de volume produzido, houve perda de qualidade. O produtor de trigo Ricardo Malinoski conta que as chuvas afetaram muito a plantão, tanto a produção quanto a qualidade do grão. “Íamos em um ano maravilhoso de qualidade, até mais ou menos setembro, aumentando a área de produção. O Brasil ia bater o recorde de produção, pela primeira vez na história o Brasil chegou tão perto da alto de suficiência, consumindo 12,5 milhões de tonelada e iria produzir 10. Mas, infelizmente, veio o problema climático”, destaca o diretor presidente da Moageira Irati, Marcelo Vosnika.

Legenda: O grande volume de chuva impactou diretamente na colheita de trigo na região – Foto: Divulgação Epagri


“Com chuvas recorrentes e poucos dias de sol, foram poucos os produtores que conseguiram colher o trigo com a umidade de campo ideal, fator que resultou em grãos com aplicações mais restritas pela indústria moageira, ou mesmo trigos que serão direcionados para a alimentação animal”, diz o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.


Nas culturas da safra 2023/2024 também foram registrados mais problemas nas lavouras do Sul do Estado, enquanto que a região Norte praticamente não sofreu impactos das intempéries climáticas. “Porém, os dados das perdas ainda não foram quantificados neste relatório”, completa Godinho.
“O trigo cresceu muito bem. Já estava cachando, como a gente fala, só que pegou muita chuva. Quando isso acontece, umidade e calor, igual aconteceu nesses últimos meses aqui, o trigo entende que ele já está pronto para nascer de novo. Então, começa a germinar no cacho ainda”, explica Vosnika, o presidente da Moageira ainda completa contando que quando isso acontece muda toda a atividade enzimática do grão e “baixa um índice que a gente chama de falilândria, que impossibilita o trigo para ser utilizado para várias aplicações. Por exemplo, panificação, macarrão, biscoito. Alguns podem, outros não podem, mas ele reprova o trigo para quase todas as aplicações”.


Questionado Marcelo sobre qual é o encaminhamento para o grão não aprovado para a indústria alimentícia, o diretor presidente conta que, infelizmente, vira ração. “O consumo desse trigo produziu muito mais ração do que a gente consome. Então, ele terá que ser exportado para os lados. Estamos vendendo hoje trigo e ração para exportação, para poder manter a liquidez para o produtor”, ressalta.
Em relação à safra para o próximo ano, Ricardo Malinoski diz que tem que esperar pra ver. “Ver a questão de custo de produção e também o mercado de trigo. Fazer as contas pra ver se compensa plantar”, comenta e completa contando que neste ano vai ter um prejuízo considerável, pois trigo de baixo padrão cai o preço.


Vosnika que acompanha de perto o mercado diz que a cultura não se tornou rentável este ano. “Não vai pagar a despesa do produtor, infelizmente. Eu acho que o produtor, esse ano, pela qualidade do trigo quanto a produtividade, vai causar prejuízo ao produto”, avalia. Na concepção de Marcelo, a nossa região é muito importante e praticamente perdeu o trigo de qualidade, “diria que perdeu 70 % do trigo de qualidade da nossa região”, finaliza.


Esse cenário teve pequenos reflexos no preço do trigo. O preço pago ao produtor pela saca de 60 kg de trigo nesta semana foi de R$54,67 em Irati. Enquanto no mesmo período do ano passado, em novembro, o valor pago era de R$ 99,17. Já os trigos para ração competem pelo mesmo mercado que o milho, que não teve alteração de preço no mesmo período.

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