Figura harmonizadora, talvez pela própria influência do fabrico do vinho que produzia, era Antoninho Zanlorenzi, conta a família. De uma ascendência tradicional Italiana de 12 irmãos, sendo oito homens e quatro mulheres. Foi o último dos homens a falecer de uma família que colocou os pés na comunidade do Pinho de Baixo, em 1925. Agora sua figura está imortalizada no nome de uma estrada que liga Irati ao Pinho de Baixo. O fato se consolidou na última semana em que a Câmara de vereadores aprovou por unanimidade a lei que dá nome à rodovia municipal de Antoninho Zanlorensi.
A família que esteve presente para acompanhar a Sessão respeitou o isolamento social. Recebeu várias homenagens dos vereadores que enalteceram a pessoa marcante de Antoninho. Gaiteiro, líder na igreja e representante da cultura Italiana na comunidade de Pinho de Baixo, se transformou em referência na produção de vinho artesanal, na região. Nasceu em 3 de fevereiro de 1942. No próprio Pinho, antes Imbituva. Casou-se com Carmem.
Em 2017, foi a Brasília a convite do deputado Evandro Roman, para defender a produção de vinho artesanal, uma religião para Antoninho. A receita e a as primeiras vinhas vieram com os avos da Itália. Seguia à risca a receita centenária, tanto que os vinhos produzidos na localidade ficaram famosos não só na região, mas no estado.
A produção do vinho foi um dos pilares do surgimento da Festa da Polenta. O evento ficou famoso por proporcionar a comunidade a degustação de “fragmentos” da Itália, no Pinho de Baixo, tendo como ícones a boa música, a polenta e o vinho.
Cesar, o filho que pretende continuar com a tradição do fabrico do vinho na família conta que tanto a receita como as primeiras vinhas são centenárias e vieram da Itália junto com os ancestrais. Já vieram com os avós quando se instalaram no Pinho a quase 100 anos. Lavrador, produtor de batata, feijão e cebola – na qual o Pinho de Baixo é o maior produtor paranaense -, Antoninho foi cerealista, foi pai de oito filhos, também sobrava tempo para se dedicar à comunidade da capela São Sebastião (diretor de assuntos econômicos), a escola (foi presidente) e trazer a torre que oportunizava a comunidade os primeiros telefones fixos, conta Daniel. “Na época um avanço tecnológico”, enfatiza. Amava sua gaita. Nos momentos de lazer incentivava os netos a se apaixonarem pelo acordeom.
Antoninho faleceu em 3 de março de 2020, mas antes de partir, dentro de uma lucidez inabalável, testemunhos familiares contam que sobrou espaço e conforto para conversar com todos os membros da família e um a um aconselhar sobre o futuro, inclusive os casais.
Agora, através do projeto de lei, no 10/2020 de autoria do vereador Roni Surek e aprovado por unanimidade e sancionado pelo prefeito Jorge Derbli, está eternizado, na rodovia, e na memória de todos os amantes das belezas que o Pinho de Baixo nos traz.