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Foco é controlar a vulnerabilidade social reduzindo em 50% o desperdício de alimentos em toda a cadeia até 2030, do varejo ao consumidor final, passando pelas questões de produção e logística. Premissa atende a ODS12 (consumo e produção responsáveis) da ONU
AEN

O Governo do Estado, através do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (Cedes), começou a estruturar um projeto que busca diminuir o desperdício de alimentos no Paraná. Em parceria com a Agência de Proteção Ambiental da Suécia, universidades estaduais e municípios, a ideia é elaborar um diagnóstico preciso, reunindo quantidades, itens e características por região, de tudo o que é produzido mas vai para o lixo sem necessidade.

A partir deste levantamento será possível instituir de maneira eficaz a cultura do reaproveitamento, respeitando as características de cada cidade paranaense. O foco é diminuir a vulnerabilidade social e a situação de extrema pobreza, atendendo a ODS12 (consumo e produção responsáveis), subitem 12.3 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Com base nisso, a entidade pretende reduzir em 50% o desperdício de alimentos em toda a cadeia até 2030, do varejo ao consumidor final, passando pelas questões de produção e logística.

Um grupo de 15 pessoas, formado pela Cedes e Secretaria Estadual de Tecnologia e Inovação, começou a debater o tema em outubro, dando início ao processo de treinamento. A intenção é que o programa comece a funcionar em 2021, após a confecção do Raio-X.

“O Paraná se mostrou muito ativo, já destacou pesquisadores e colocou as universidades para atuar no projeto. Será elaborado um pacote de atuação, o que realmente interessa e quais cidades atingir”, afirmou a consultora sênior da Agência de Proteção Ambiental da Suécia no Brasil, Kelly Dalben.

A experiência da Suécia no combate ao desperdício de alimentos e a adoção do consumo sustentável foram temas de destaque na Semana de Inovação Suécia-Brasil 2020. De acordo com ela, o país europeu é referência no tema, apresentando um índice de 99% de reciclagem do lixo.

Um webinar (simpósio online) sobre o assunto foi realizado na terça-feira (17).

“A Suécia tem muito a ensinar, mas a aliança é mais ampla, com adaptações às necessidades do Paraná. Será uma troca de experiência”, disse a consultora.

AÇÕES – A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento é o órgão articulador do Governo do Paraná para executar a política estadual de Segurança Alimentar e Nutricional. Com a pandemia, foram feitos reforços rápidos para atender a população vulnerável em situação de insegurança alimentar com a criação de dois programas emergenciais.

Foram implantados o cartão para o programa Comida Boa, que repassou R$ 50 diretamente para as famílias comprarem alimentos. E também o Programa Emergencial Compra Direta Paraná, que adquire alimentos da agricultura familiar para doá-los a instituições filantrópicas.

O Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Desan) tem o papel de desenvolver a articulação intersetorial e o apoio técnico das ações e programas, em âmbito regional e local, que promovam a segurança alimentar e nutricional, a elevação do padrão da qualidade de vida da população em situação de vulnerabilidade social e de insegurança alimentar, além do suporte técnico ao Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Paraná (Consea/PR) e Câmara Governamental Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan/PR).

No Desan são desenvolvidos importantes programas com foco na garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e na segurança alimentar e nutricional como Leite das Crianças, Apoio à Implantação de Restaurantes Populares, Cozinhas e Panificadoras Comunitárias, Hortas Urbanas e Periurbanas e outros equipamentos como banco de alimentos, feiras, centrais públicas para gêneros da agricultura familiar.

“Temos o compromisso ambiental de diminuir os aterros e lixões e garantir alimentação nutritiva e sustentável”, destacou Filipe Braga Farhat, integrante e articulador da Agenda 2030 da  ONU dentro do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (Cedes).

BRASIL – O Brasil está entre os países que mais desperdiça alimentos no mundo, descartando quase 30% de todos os produtos de consumo. De acordo com uma pesquisa feita em 2019 pela Embrapa em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o brasileiro joga fora cerca de 130 quilos de comida por ano, uma média de 41,6 quilos por pessoa. Os alimentos que mais vão para o lixo são arroz (22%), carne bovina (20%), feijão (16%) e frango (15%).

Segundo cálculos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), um terço da produção total de alimentos no mundo, ou 1,3 bilhão de toneladas, é encaminhado para o lixo, o suficiente para alimentar dois bilhões de pessoas. Com base nesse cálculo, pode-se estimar que o Brasil desperdiçou 8,7 milhões de toneladas de alimentos, o suficiente para alimentar 13 milhões de pessoas.

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