Irati, Rio Azul e Teixeira Soares são cidades tomadas por contos populares e, para homenagear cada uma delas, trazemos histórias que são passadas de geração em geração
Kauana Neitzel
Cada cidade tem suas histórias e contos que passam de geração em geração, em Irati não é diferente. Em comemoração aos 116 anos do município, resgatamos a história da ‘Curva do véu da noiva’, que fica localizada no distrito de Gonçalves Junior. Quem conta está história é o senhor Carlos Rodolfo Alexander, agricultor aposentado, que mora atualmente próximo ao local e sempre ouviu o conto.
A forma que o senhor Carlos conhece a história é a que seus pais contavam, isso por que cada um pode conhecer de formas diferentes por ser um conto popular do município.
Quando criança seu Carlos era vizinho da família acometida pela tragédia, ele tinha por volta de cinco anos quando tudo aconteceu em 1951. Alexander conta que quando a jovem encontrou um namorado o pai não aceitava o relacionamento e não queria que a filha casasse com ele, pelo homem ser de ‘cor escura’. Então, em certo dia a jovem e a irmã saíram a cavalo para ir a uma benzedeira ou cigana, não se sabe ao certo o que era a mulher, para saber se ela iria casar com ele ou não.
Esta mulher então disse que a jovem se casaria, só que o casamento iria durar pouco. Sendo que os pais sempre davam contra o matrimonio. Para pagar pelo trabalho da mulher as meninas deram uma lata de arroz. A história foi se seguindo, como dizem, mesmo contra os pais ela quis casar. Certo dia o pai disse a filha “eu prefiro ver você no caixão, morta, do que casada com este rapaz”.
Há contragosto, foi marcada a data do casamento e foram achar um caminhão para levar o pessoal para a cerimônia na igreja São Miguel, em Irati. Entraram em contato com um homem que propôs um preço, mas o pai da noiva achou muito caro e decidiu ver com outro motorista, que fez um preço mais em conta.
No dia do casamento vieram todos em cima do caminhão, então fizeram a cerimônia na São Miguel e o motorista foi em um bar e ficou bebendo. Na hora de ir embora, dizem que o motorista sacou uma arma e fica atirando para cima por ‘alegria’, assim foram pelo caminho. Então na curva da noiva, onde todos conhecem, o motorista acabou saindo fora da estrada e tombou o caminhão naquele precipício.
Assim que capotou, as pessoas que estavam na carroceria conseguiram se salvar, mas a noiva se segurou na corrente que atravessava a carroceria, o vestido acabou se enrolado e ela não conseguiu se soltar indo junto com o caminhão pela ribanceira. Neste momento um cunhado da noiva saiu correndo do local do acidente em direção a Campinas de Gonçalves Junior, onde era para ser a festa do casamento, para contar o que tinha acontecido.
Quando ele chegou ao local todo sujo e machucado a mãe da noiva perguntou o que houve e ele passou a contar sobre acidente e que infelizmente a noiva estava morta. Então, aconteceu o que o pai havia falado que preferia ver a filha morta que casada com aquele homem. Está é a versão que o seu Carlos conhece e repassa para as netas, familiares e demais pessoas, pois muitos passam pelo local e não sabem o motivo do nome.