Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

Irati PR, 12:11, 12°C

Com mais de 43 mil pessoas beneficiárias do Bolsa Família, programa contrasta com oferta e procura de empregos na região
Emprego tem, mas falta gente!
Foto: Esther Kremer

Esther Kremer

Os dados mais recentes do programa Bolsa Família, divulgados em abril de 2025, revelam a permanência de um número expressivo de famílias dependentes do benefício na região da Amcespar. Ao todo, 15.473 famílias estão cadastradas, totalizando 43.352 pessoas atendidas em dez municípios da região. O investimento mensal realizado pelo Governo Federal ultrapassa R$ 10 milhões.

Por outro lado, há um grande número de vagas de emprego não preenchidas em quase todos os municípios da região. A situação tem causado polêmica entre os setores comerciais e industriais. Os benefícios são essenciais para a população que está em situação de vulnerabilidade social, porém, há uma grande articulação acontecendo para que haja um aumento na busca pelo emprego formal.

O programa Bolsa Família é voltado ao apoio financeiro de famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Os valores repassados visam garantir acesso à alimentação, saúde e educação. O valor total dos repasses, em abril, variou conforme o porte populacional e os critérios socioeconômicos de cada município. Irati recebeu o maior montante: R$ 2.527.705,00. Seguido por Prudentópolis, com R$ 2.085.135,00, depois Imbituva com R$ 1.190.509,00 e seguido por Rebouças com R$ 1.093.633,00.

Emprego tem, mas falta gente!
Foto: Esther Kremer

PROJETO PIONEIRO EM REBOUÇAS

Um estudo recente, ainda não finalizado, realizado em Rebouças pela FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) e pela Secretaria do Desenvolvimento do município, mostra dados envolvendo o quantitativo de beneficiários na cidade. O secretário da pasta, Jader Molinari, disse que o objetivo do estudo é lançar um projeto piloto na região, o “Balcão de Oportunidades”, com o foco em capacitar e inserir pessoas no mercado de trabalho formal.

Segundo a FIEP, a proposta é substituir a dependência de programas assistenciais por autonomia financeira, capacitando e inserindo beneficiários de programas de transferência de renda no mercado de trabalho. “O programa social tem uma função, que é temporariamente achar um caminho para uma pessoa ou família sair daquela situação não desejável”, afirma o presidente da FIEP, Edson Vasconcelos. “Para essa saída, não há outro caminho que não seja um emprego. Então a Federação, junto com o município e com o governo do Estado, pretende oferecer um pacote que busca levar a oportunidade de emprego e qualificação para essas pessoas”, completa.

Como explica o secretário Jader, o Governo Federal tem buscado, cada vez mais, realizar um grande corte nos benefícios ofertados, principalmente, o Bolsa Família. Segundo ele, há uma grande falha em dados do CadÚnico e isso tem feito o Governo ficar em alerta. “Ele tem feito esse levantamento e, com isso, realizado os bloqueios dos benefícios. O Governo tem feito uma confrontação dos dados, tanto do Cadastro Único, quanto do CPF na Nota, enfim, os cortes já estão acontecendo e, por isso, nós estamos fazendo o estudo e vamos implantar o Balcão de Oportunidades”, explica.

Jader explica que grande parte do valor, destinado pelos programas sociais, impactam significativamente no comércio dos municípios. “A ideia não é prejudicar nenhum setor, mas sim, ofertar oportunidades boas e incentivar as pessoas a trabalhar formalmente, porque esse corte vai acontecer cada vez mais. Não vamos esperar a dor, estamos nos precipitando”.  

Ainda, o secretário explica que também há um grande movimento que pretende envolver as indústrias regionais em relação ao salário ofertado. “A indústria vai ter que ajustar o salário com base em piso municipal e regional, para se tornar mais atrativo. Algumas médias na região variam entre R$ 2.100 e R$ 2.200. E nós precisamos fazer com que haja um interesse em completar essas vagas, porque são muitas mesmo”.

Emprego tem, mas falta gente!
Equipe da gestão de Rebouças juntamente com a equipe da FIEP em reunião em Curitiba – Foto: Reprodução

GRANDE NÚMERO DE EMPREGOS DISPONÍVEIS

Um levantamento, completamente informal, realizado rapidamente pela Folha de Irai, mostra que a grande maioria dos municípios da região disponibilizam mensalmente de mais de 150 vagas de emprego, incluindo vagas das grandes indústrias regionais.

A presidente da Associação Comercial e Empresarial de Irati (ACIAI), Samara P. Coelho, diz que o momento é delicado. “De um lado, muitas vagas abertas no comércio, na indústria e nos serviços; do outro, uma parte da população que depende dos programas sociais. Isso gera um desequilíbrio preocupante para o setor empresarial, que enfrenta dificuldades para contratar. Precisamos estimular a retomada do interesse pelo trabalho formal, pela qualificação e pela construção de uma carreira. Os programas sociais são importantes para garantir dignidade em momentos difíceis, mas não devem substituir o desejo de crescimento e autonomia que o trabalho proporciona”, disse.

O gerente do RH da empresa FoBras, Rodrigo Moravieski, também comentou sobre o assunto e disse que “hoje em dia, não só a FoBras, mas no geral, as empresas estão tendo dificuldade em contratar profissionais, tem sido cada vez mais desafiador. A falta de mão de obra e a falta de interesse das pessoas em se qualificarem aumenta mais ainda essa ausência de profissionais no mercado de trabalho. Pensando em tudo isso, a FoBras vem investindo em projetos de qualificação. Este ano vamos ter a primeira turma FoBras Geração Futura, direcionada para filhos dos colaboradores da empresa, o projeto tem como objetivo preparar os jovens para o mercado de trabalho”, disse.

A Agência do Trabalhador de Irati, por meio do gerente Marcelo de Ávila Francos, informou que o município conta, nesta semana, com cerca de 23 anúncios de vagas de trabalho na Agência, sem contar as vagas ofertadas fora da Agência. “Temos um número bem considerável de vagas anunciadas e estas vagas, por vezes e por inúmeros fatores, não são preenchidas. A relação entre oferta e procura, nem sempre é igualitária, temos algumas ocupações em que não há procura e estas vagas ficam anunciadas em nosso boletim por diversas semanas, isso implica na dinâmica do mercado de trabalho em nosso município”.

Apesar de ações voltadas à capacitação e fomento ao empreendedorismo, a realidade da região ainda mostra uma forte dependência dos programas de transferência de renda como principal fonte de sustento para parte significativa da população. “É isso que precisamos mudar. Precisamos colaborar com a indústria, com o comércio e a própria população. Neste sentido e com esses cortes acontecendo cada vez mais, vamos precisar ofertar oportunidades e incentivar a busca por melhores condições para todos”, finaliza o secretário Jader.

Leia outras notícias