Augusto Borges, Cibeli Grochoski e Wallas Jefferson de Lima
Os anos de 1940 foram marcados pelas grandes tensões mundiais relativas à Segunda Guerra Mundial. Irati, embora engatinhando em seu desenvolvimento, não estava longe das aflições causadas pelo fatídico evento. As rádios propagavam as notícias vindas da Europa sempre com um tom fúnebre e isso acalorava as rodas de conversas em nossa cidade. Os debates sobre os horrores da guerra ecoavam também pelos corredores do Colégio Duque de Caxias. Foi em meio a inúmeras reflexões sobre o sofrimento dos praças, que compadecida com seus compatriotas, a então professora Virgínia Leite buscou fazer um curso de primeiros socorros oferecido pela Cruz Vermelha, posteriormente servindo como voluntária na Segunda Guerra Mundial.
Virgínia Leite, uma figura marcante da história de nossa cidade, merece ser lembrada. Natural de Irati e nascida em 1916, Virgínia começou sua trajetória de dedicação ao ensino na década de 1930, ao atuar como professora no Colégio Duque de Caxias. Sua história, no entanto, ultrapassa os limites da sala de aula e se entrelaça com o heroísmo de uma época de grandes desafios: a Segunda Guerra Mundial.
Em 1944, tomada por um sentimento ufanista, em um gesto de coragem, ela se voluntariou para integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutava ao lado das tropas aliadas na Itália. Mas sua jornada não seria como a de um soldado comum, Virgínia havia se preparado para uma missão de cuidar e salvar vidas. Em meados daquele mesmo ano, Virgínia Leite partiu para a Itália, onde serviu como enfermeira voluntária, cuidando de soldados brasileiros e norte-americanos. Durante os meses em que esteve na Itália, atuou em dois hospitais de campanha, atendendo milhares de militares feridos. Sua bravura e competência foram amplamente reconhecidas, e ela foi promovida ao posto de Primeira Tenente, além de receber várias medalhas e condecorações ao longo de sua trajetória militar.
Após retornar ao Brasil em 1945, Virgínia continuou sua vida de serviço à educação em Irati até 1956. Depois, mudou-se para Curitiba, onde passou a se tratar de problemas de saúde, mas seguiu com sua missão de vida, ajudando a fundar a Legião Paranaense do Expedicionário e, mais tarde, o Museu do Expedicionário de Curitiba, em 1982. Além disso, foi Diretora Social da Casa do Expedicionário por mais de 50 anos, promovendo o legado dos heróis da guerra.

Hoje, seu legado vive em diversos lugares. As medalhas, condecorações e outros objetos pessoais de Virgínia estão em exposição no Museu do Expedicionário de Curitiba, como um tributo à mulher que, com coragem e determinação, fez história não apenas nas trincheiras da Segunda Guerra Mundial, mas também em nossa cultura e memória coletiva. Virgínia Leite, uma figura marcante da história de nossa região, merece ser lembrada e homenageada, especialmente neste momento. Tornou-se, inclusive, a última enfermeira da FEB a falecer, em 5 de janeiro de 2012, aos 95 anos.