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Com a volta às aulas, a discussão sobre utilização do uso de celulares em sala de aula ganha destaque, já que a nova lei proíbe o uso de aparelhos eletrônicos nas escolas públicas e privadas em todo o país
Diretores avaliam impacto da lei federal que proíbe uso de celulares nas escolas
Foto: Sthefany Brandalise

Amanda Berger

A nova Lei nº 15.100/2025 proíbe o uso de celulares em escolas públicas e privadas de todo o Brasil. Com a medida em vigor desde o retorno às aulas em 5 de fevereiro, o objetivo é melhorar o ambiente escolar e proteger o desenvolvimento dos estudantes. Em entrevista à Folha de Irati, os diretores José Augusto Schubalski, do Colégio Estadual Presidente Costa e Silva (conhecido como Colégio Florestal), e Maria Amelia Ingles, do Colégio Antônio Xavier da Silveira, discutiram os impactos da legislação, destacando os desafios e as estratégias adotadas para garantir um aprendizado mais focado e consciente.

Entenda a Lei

Foi publicada no início de janeiro no Diário Oficial da União, a Lei nº 15.100/2025, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que proíbe o uso de equipamentos eletrônicos (incluindo celulares), nas escolas públicas e privadas de todo o Brasil, que já está em vigor, com o início das aulas, desde o dia 05 de fevereiro.

Além de melhorar o ambiente escolar, o objetivo desta lei é também proteger o desenvolvimento psíquico, mental e físico dos estudantes, segundo o MEC (Ministério da Educação).

“Vai estimular bastante para que o estudante volte a buscar a aprendizagem, volte a buscar a humanização, como diz Paulo Freire, porque a humanização digital é muito diferente. A humanização digital basta você desligar o computador, o celular ou excluir o amigo e terminou. E a vida não é assim” – José Augusto

Impactos e medidas sobre uso do celular em sala de aula

Com a implementação da Lei nº 15.100/2025, que reforça a proibição do uso indiscriminado dos dispositivos em sala de aula, as escolas têm buscado estratégias para equilibrar o uso da tecnologia no ambiente escolar.

Os diretores do Colégio Florestal e Colégio Xavier, compartilham suas percepções sobre o impacto da tecnologia na educação e as medidas adotadas para garantir um ambiente de aprendizagem mais focado.

O diretor José Augusto recorda a existência da Lei nº 18.118/2014, uma legislação estadual que já restringia o uso dos celulares em sala de aula no Paraná. Segundo ele, os efeitos negativos da tecnologia sem mediação são evidentes. “Nós já tínhamos restrições quanto ao uso do celular, devido à lei de 2014, esse ano foi constatado que realmente o celular é prejudicial em alguns sentidos. A tecnologia veio para contribuir, entretanto, essa tecnologia tem que ser usada de uma forma mediada, de forma consciente. E pesquisas com fundamentações teóricas, artigos de revista A1, fundamentam que muitos casos do uso do celular ocasionam doenças, além de doenças físicas, doenças que influenciam o processo cognitivo”, destaca.

A diretora Maria Amelia reforça a preocupação com a falta de concentração dos estudantes devido às telas. “Nós não temos mais alunos concentrados, ninguém mais quer prestar atenção, se você observar quando o(s) filho(s) estão em casa, eles ficam o tempo todo no celular, muitas das vezes o pai até fala para guardar, mas ele, escondido, vai para o quarto e continua usando. Eles usam na hora do almoço e, às vezes, nós, como pais, também não falamos para ele não utilizar”, afirma.

Para Maria Amelia, o controle do uso do celular já era uma prática no Colégio Xavier. “Eu sempre costumo dizer para os pais que o uso do celular indiscriminadamente traz prejuízos à educação, à parte cognitiva dos filhos. A gente já fazia aqui no Colégio Xavier o uso responsável. Então, a gente proibia o uso e ele era usado somente pedagogicamente”, explica. No entanto, dificuldades estruturais impediram um diálogo mais efetivo no último ano. “No ano passado a gente teve algumas dificuldades dessa organização de falar com os pais por causa da reforma que a gente tinha, não tinha espaço físico. Mas esse ano a gente vai fazer, no início do ano letivo, uma conversa com os pais e vamos seguir a legislação federal e estadual”, acrescenta.

Nova legislação e sua importância

Os diretores destacam que a nova lei veio em um momento crucial. “Nós íamos perder a mão e, quando a gente perde a adolescência, a gente perde o futuro também, porque o futuro nosso está na mão desses jovens que estão aqui. Eles precisam saber escrever, resolver cálculos, resolver problemas, eles precisam aprender essas coisas, e se não fazermos alguma coisa nesse momento, talvez a gente perdesse a mão na educação como um todo”, pontua Maria Amelia.

Para José Augusto, o foco está na conscientização do uso da tecnologia como ferramenta educativa. “A gente tem que fazer essa conscientização de que eles têm que viver o mundo, aprender o mundo e utilizar esses meios tecnológicos apenas como ferramentas para consulta, para as atividades educativas. Então, essa lei vai contribuir, sim, nesse processo, favorecendo as escolas e, principalmente, os estudantes”, enfatiza.

Medidas adotadas pela escola

A direção do Colégio Xavier estabeleceu normas claras para o uso dos celulares. “O aluno vai ser orientado a não utilizar”, informa Maria Amélia. Em relação às plataformas digitais, ela esclarece: “os pais falam muito sobre isso, porque realmente temos as plataformas e vamos utilizar. Nós vamos utilizar o que temos de material pedagógico e didático, os tablets, os notebooks, os computadores para fazer esse trabalho. E, em algumas atividades que o estudante vai fazer em casa, é papel dos pais monitorar se ele está usando corretamente ou não essas plataformas”.

José Augusto detalha como o colégio orienta os alunos. “As medidas são: na primeira vez, a gente passa orientando os alunos, passa as informações às famílias, descrevendo que esse uso é proibido durante as aulas, durante os intervalos ou recreios. Se a família precisa repassar informações, o colégio dispõe de aparelho de celular e telefone”, explica. Ele ainda destaca a infraestrutura da escola para suprir a necessidade pedagógica: “temos 35 notebooks no laboratório e também 30 tablets para os alunos utilizarem. Isso na parte pedagógica e, quando o professor acha necessário utilizar os celulares na parte pedagógica, ele avisa os alunos, comunica à equipe pedagógica e é liberado para os alunos. Então esse equipamento é essencial nos dias de hoje, mas o cuidado no uso é primordial, o saber utilizar”.

Sobre a aceitação dos pais em relação à nova lei, Maria Amelia destaca que a maioria está favorável. “Os pais que a gente conversa nesse meio tempo, desse período de férias (que eles vinham para tirar dúvidas), 99% é favorável ao não uso do celular na escola. A gente só vai certificar isso na nossa Assembleia semana que vem, que vai ser feita com todos os pais da escola”, conclui.

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