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Esta celebração acontece na próxima terça-feira (02)
Foto: Esther Kremer

Esther Kremer

No dia 02 de novembro é celebrado em alguns países do Ocidente o Dia de Finados ou Dia dos Mortos. Tradicionalmente, esta cerimônia acontece como forma de cultuar a memória dos entes queridos, sendo como lembrança ou até mesmo com festas e danças.
Em Irati, os preparativos para o Dia de Finados estão acontecendo em diversos cemitérios da cidade, com a reforma e limpeza dos túmulos, a pintura e a higiene do local, a prefeitura do município também disponibiliza mão-de-obra para auxiliar no processo.


A história do Dia de Finados
O professor e doutor em História, João Carlos Corso, explica que o Dia de Finados acontece em diversos países e com muita semelhança entre as comemorações. Um exemplo é o México, onde a cerimônia acontece como forma festiva, com comidas e bebidas típicas, desta forma, acreditam que o ente querido está participando da comemoração. “É como se o mundo dos mortos e mundo dos vivos se encontrassem, isto não só no México, mas em diversas culturas”, comenta o professor.
Segundo Corso, o cemitério também é um espaço sagrado para a comunidade, onde é possível encontrar imagens de santos católicos, objetos que remetem à Igreja, orações e até mesmo as fotos dos que já se foram se tornam algo divino. “Quando um túmulo é depredado, gera uma certa revolta na comunidade, porque está mexendo com o sagrado, existe um respeito muito grande, pois ali estão enterrados seus entes queridos e também pessoas importantes para a cidade”, disse.
O Padre da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nelson Bueno da Silva, acredita que o Dia de Finados é muito importante para o catolicismo e todos que acreditam na ressureição do corpo. “Nós rezamos pelos nossos, interceder por eles é muito importante, não é um dia santo, mas é um dia onde nós devemos rezar e lembrar os nossos falecidos”, disse o pároco.
O Padre também deixou uma mensagem aos fiéis que creem na igreja católica. “Os nossos não se acabaram, não estão mortos, mas estão vivos. Nós que cremos na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. O dia é de oração, dia de esperança e de espiritualidade. Sei que temos muitas saudades dos que faleceram. Então força e coragem, eles estão vivos, juntos com Jesus, Jesus ressuscitou, nós cremos também”.

Miguel Bueno trabalha há 9 anos como auxiliar administrativo no Cemitério Municipal de Irati e trabalhou por 15 anos no Cemitério da Vila São João, ele também auxilia na manutenção do local. Segundo o mesmo, o cemitério é um local tranquilo e que depende do psicológico de cada pessoa ter ou não ter medo. “Eu não tenho medo, essas coisas vão de cada um, precisamos mesmo é ter respeito pelos que estão enterrados neste local sagrado”

Personagens marcantes
O professor e contador de histórias, José Maria (Zeca) Gracia de Araújo, explica que o Cemitério Municipal foi um dos primeiros a receber pessoas ilustres como padres, freiras, coronéis e famílias influentes da cidade. Foi inaugurado no início do século XIX (19), aproximadamente em 1912, tendo como rua principal ,a Rua do Cemitério.

“Existem tantas histórias aqui e todas as pessoas que aqui foram enterradas, são muito importantes para a sua família”

Zeca Araújo


Araújo também contou histórias de túmulos antigos que ficam na entrada do cemitério, local também conhecido popularmente como “parte velha”, onde foram identificadas capelas com mais de 100 anos de estrutura, dentra delas está a de sua família, uma das primeiras a serem construídas. No local, estão enterrados seu avô, Coronel Manoel Gracia, falecido em 1914, seu tio Trajano Gracia, sua bisavó Maria Leocádia de Macedo Gracia, casada com o nobre espanhol Dom Romão da Gracia, sua tia Mariquinha Anciutti da Gracia, entre outros membros da família.
Outro mausoléu apresentado por Zeca Araújo, foi o da família Zarpellon, onde está enterrada a matriarca, Aurora Zarpellon. O edifício não é tão antigo quanto o da família Gracia, mas também é uma estrutura diferenciada na entrada do cemitério. O túmulo do artista plástico, Primo Araújo, pai do contador de histórias Zeca Araújo, também está localizado no início do sepulcrário.
O sepulcro da família Gomes pode ser encontrado no Cemitério Municipal com algumas figuras emblemáticas como Aurora Gomes, Edgar Gomes, Etelvina Gomes, Sérgio e Luiz Fernando Gomes.

“É como se o mundo dos mortos e mundo dos vivos se encontrassem”

João Carlos Corso


Outras pessoas outras pessoas tradicionais que também, estão sepultadas podem ser visitadas no cemitério, como é o caso de Santa Albertina, não canonizada pela Igreja católica, mas sim, no imaginário popular. Um crime que possivelmente aconteceu em 1918 e ainda chama a atenção da população iratiense, a mulher foi assassinada pelo marido, que depois ateou fogo em sua casa. No processo criminal, o marido de Albertina Nascimento, Arcílio, foi inocentado do crime.
Por ser uma mulher de fé e prestativa, foi considerada Santa. Albertina foi tema de um livro, denominado: Santa Albertina (páginas de dor, (in) justiça e devoções populares). Ainda hoje, a população deixa homenagens em seu túmulo, agradecendo as graças recebidas.

“Existem tantas histórias aqui e todas as pessoas que aqui foram enterradas, são muito importantes para a sua família”

Zeca Araújo


O Padre Doutor, como é popularmente conhecido na cidade Irati, também está enterrado nesta necrópole. Wenceslau Szuniewicz, nasceu em 1892, na Polônia e faleceu em Irati no ano de 1963. Em sua homenagem, uma escola localizada no bairro Rio Bonito, atende pelo nome de Escola Municipal Padre Wenceslau. A irmã Helena Olek, tem o sepulcro localizado na entrada do cemitério, juntamente com outras irmãs que fizeram parte da história do município. Assim como o padre, a irmã Helena também tem uma escola batizada com o seu nome, Escola Municipal Irmã Helena Olek.
Além de todas as histórias que Zeca Araújo relatou, o mesmo deixou uma mensagem para a população iratiense. “É uma data para que nós possamos reverenciar aqueles que se foram, por isso eu conclamo à toda população, venham colocar flores nos túmulos de suas famílias e também para os que tiveram alguma importância na história do nosso município”, finalizou Zeca.

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