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Experiências nacionais e internacionais mostram que a conversão de antigos trilhos em trilhas pode trazer benefícios para a economia, o meio ambiente e a cultura, segundo o deputado estadual Goura
Foto: Reprodução/site Adjori

Adjori/Assessoria

O Paraná possui grande potencial para a implementação de rotas de cicloturismo em ferrovias desativadas ou ociosas, mas ainda carece de iniciativas para concretizar projetos nessa área. A avaliação é do deputado estadual Goura (PDT), que tem se empenhado em discutir o tema junto a órgãos do Governo Federal, do Paraná, entidades da sociedade civil e empresas do setor. “Essas iniciativas refletem um movimento crescente na direção ao desenvolvimento de projetos que promovam o cicloturismo e a valorização das antigas malhas ferroviárias, impulsionando o turismo sustentável e a mobilidade ativa”, pontuou Goura.

O parlamentar destacou que tem mantido diálogo recente com órgãos como a Secretaria de Estado do Turismo (SETU) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), além de entidades como a Aliança Bike e a empresa Rumo S.A., visando o reaproveitamento dessas linhas férreas. Segundo Goura, o cicloturismo é uma atividade em franca expansão no Brasil e no Paraná, gerando impactos econômicos positivos e benefícios sociais, ao permitir uma modalidade de turismo mais inclusiva e sustentável, que também valoriza a cultura e o comércio local. “A criação de rotas de cicloturismo aproveitando a malha ferroviária desativada ou ociosa é uma grande oportunidade para promover desenvolvimento econômico e social em diversas regiões do Paraná”, afirmou.

Experiências nacionais e internacionais mostram que a conversão de antigos trilhos em trilhas pode trazer benefícios para a economia, o meio ambiente e a cultura, segundo o deputado. “Por isso, solicitamos ao Governo do Paraná mais ações concretas para o desenvolvimento dessas iniciativas e procuramos empresas como a Rumo para tratar desses projetos”, disse Goura. Entre as solicitações feitas ao Governo estão o levantamento e o envio de informações detalhadas sobre os trechos de ferrovias do estado e a indicação de um interlocutor para organizar uma agenda técnica para projetos-piloto de cicloturismo.

No Brasil, algumas iniciativas já apresentam resultados nessa área, como a Rota do Ferro, em Minas Gerais; a Ciclovia dos Trilhos, em Santa Bárbara D’Oeste, São Paulo; o Parque Linear de Caçador, em Santa Catarina; o Circuito Ernestina, também em Minas Gerais; e a Trilha Verde da Maria Fumaça, nesse mesmo estado.

Em 26 de fevereiro, Goura participou de uma reunião com a empresa Rumo, maior operadora de logística ferroviária do Brasil, que atua em estados como Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Durante o encontro, o deputado destacou os benefícios que a reutilização de leitos ferroviários pode trazer: “A implementação de projetos de cicloturismo utilizando leitos ferroviários oferece múltiplos benefícios”. Goura ressaltou que esses ganhos podem ser de ordem econômica, com a geração de trabalho e renda regional; ambiental, com o incentivo a deslocamentos não poluentes; e cultural, com a valorização de estações ferroviárias e a preservação do patrimônio histórico.

Ticiano Bragatto, gerente executivo de Regulação, Meio Ambiente, Institucional e Social da Rumo, reafirmou o alinhamento da empresa com iniciativas de preservação ambiental e patrimonial. “Projetos como esses de cicloturismo aproveitando a malha ferroviária desativada ou ociosa vão ao encontro das nossas diretrizes. Já temos alguns exemplos acontecendo que integram cicloturismo e a criação de parques lineares”, declarou.

Bragatto apresentou iniciativas como o projeto para reativar a ferrovia entre Cajati e Santos, em São Paulo, com foco turístico, e o projeto “Caminho Rio do Peixe”, que pretende transformar a antiga ferrovia São Paulo–Rio Grande em um corredor verde. Ele também explicou que há dois modelos para viabilizar tais projetos: a remoção dos trilhos para construção de ciclovias ou o uso da faixa de domínio, permitindo que o traçado ferroviário permaneça funcional e adaptado para outros usos. “A melhor alternativa é manter os trilhos: é mais rápido e mais simples de ser executado”, acrescentou.

A legislação que regula esses processos, conforme explicou Bragatto, é a Lei Federal 14.273/2021, conhecida como Marco Legal das Ferrovias. Essa norma estabelece que o uso prioritário da faixa de domínio deve ser destinado à operação ferroviária, mas permite sua concessão para usos como ciclovias, turismo e áreas de lazer, desde que não interfiram na segurança e operação das ferrovias. “Essa flexibilização possibilita novas atividades econômicas sustentáveis, como o cicloturismo, sem interferir na operação dos trens”, afirmou o executivo.

Para interessados em parcerias com a Rumo, Bragatto destacou que é necessário apresentar uma proposta conceitual e elaborar uma minuta de contrato entre a empresa e o proponente, que pode ser uma entidade, município, consórcio ou órgão gestor de turismo.

Apesar do potencial no Paraná, exemplos de cicloturismo em ferrovias desativadas ainda são escassos. Em Curitiba, há ciclovias em faixas de domínio de ferrovia. Em Ponta Grossa, movimentos locais buscam aproveitar antigas ferrovias para conectar cidades como Castro, Carambeí e Piraí do Sul. Na ferrovia que liga Paiçandu a Cianorte, na Região Metropolitana de Maringá, há iniciativas semelhantes sendo discutidas. “Vamos provocar os municípios que têm potencial para desenvolver projetos e implementar ciclovias nos leitos de ferrovias desativadas ou ociosas ou na faixa de domínio, para saber se têm interesse em projetos”, revelou Goura.

Municípios como Maringá, Marques dos Reis, Cianorte, Harmonia, Jaguariaíva, Joaquim Murtinho, Ponta Grossa e Curitiba foram apontados pelo deputado como possíveis interessados em projetos de cicloturismo. Além de Goura, participaram da reunião representantes da Rumo, como Murilo Noronha, especialista em planejamento; Mônica Braga Cortes, gerente de governança; e Jaderson dos Santos, analista de projetos, além dos assessores Leonardo Rocha e Alexandre Lorenzetto.

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