Kauana Neitzel
Esta matéria contêm conteúdo de baixo calão
O Jornal Folha de Irati recebeu, de forma anônima, áudios denunciando uma reunião extraoficial entre vereadores e o prefeito de Guamiranga, onde, na citada reunião, os parlamentares pedem que Marcelo Leite, atual prefeito, renuncie ao cargo em forma de coação e/ou chantagem.
A reunião foi realizada na chácara do vereador Adilson, na localidade de Rio Bonito, as 10h do dia 7 de março. O encontro foi convocado pelo vereador Cleberson Kordiak e durou cerca de 1h20 minutos.
Estiveram presentes os vereadores Cleberson Kordiak, André Possebom, Ziquinho, João Sávio, Jobrair e Adilson Stadler. Os áudios enviados mostram que quem teve o papel mais ativo, conduzindo a conversa, foi o vereador Cleberson Kordiak. Informações colhidas após receber os áudios dizem que André já estava com a denúncia do pedido de cassação de Marceloem mãos que, segundo ele, teria recebido do denunciante. Quem realizou a coação e/ou chantagem foram os vereadores da oposição do atual prefeito, que deram até o dia 10 de março para Marcelo tomar a decisão de deixar ou não da Prefeitura. A voz que mais se houve e até pela conversa entende-se que é do vereador Cleberson Kordiak (PSC).
ATENÇÃO: Para melhor entendimento dos áudios, utilizar fones de ouvido.
Na sexta-feira (17) o prefeito Marcelo Leite, de posse dos áudios da reunião que foram gravados sem que os vereadores percebessem, fez um boletim de ocorrência (BO) na delegacia de Imbituva que é responsável por Guamiranga, pedindo investigação e para que o delegado Thiago averigue os possíveis crimes como chantagem e coação cometidos contra o prefeito.
Segundo o prefeito a chantagem acontece porque em Guamiranga não há o cargo de vice prefeito. Devido a morte do prefeito Marcos Chiaragia, o vice Marcelo Leite assumiu o cargo. Com isso na vacância do cargo do prefeito, quem assume imediatamente é o presidente da câmara, no caso Cleberson Kordiak. Por isso a chantagem ocorre, elaborada por Kordiak.
“Sempre procurei ter uma convivência produtiva com a câmara de vereadores. Mas a sede pelo poder esta segando os vereadores da oposição e fazendo que Guamiranga viva um clima de ódio. O que buscamos é o bem comum da população de Guamiranga e trazer esse tipo de calunia, chantagem não vai trazer nada de produtivo para o município”, disse Marcelo. Leita ainda explica que esta tomando todas as medidas cabíveis tanto para provar a sua inocência e todas as esferas. “Nunca vi chamar um prefeito pra fazer chantagem pra renunciar o cargo”. Eles perderam o senso do que é a função do vereador. Espero que a população saiba separar as pessoas que trabalham pelo município e o povo pode ver o nosso serviço, daqueles que querem apenas o poder”, finalizou o prefeito.
Nos áudios denunciantes é possível ouvir a voz de todos que estavam presente, com conversas paralelas. Os áudios demonstram que o vereador Cleberson Kordiak atua como um intermediário entre o acusador e prefeito Marcelo Leite agindo para que ele renuncie o cargo de prefeito. Ele utiliza de vários fatores para influenciar Marcelo, que quase não se manifesta nos áudios. A voz que se ouve é também do advogado Dr. Denilson que questiona as acusações.No início dos audios o vereador Kordiak aponta falha na conduta de vereadores e membros da administração, buscando desqualifica-los. Na fala que é identificada como do vereador Kordiak, ele diz que esta sofrendo pressão do denunciante e se faz de vítima na situação. Segundo a fala do vereador, o denunciante queria que o prefeito ficasse inelegível para as próximas eleições. Kordiak, neste momento, tenta reproduzir uma conversa que teve com o denunciante, com a intensão de sensibilizar o prefeito a renunciar.
Denunciante – “se o Marcelo souber, ele é capaz de renunciar e o que acontece, é que não queremos que ele renuncie. Nós queremos que faça isso e ele não saia prefeito, fique inelegível.
KordiaK – Mas porque isso?
Denunciante – Por que vai atrapalhar nós.
Neste momento o vereador tentar argumentar novamente ao prefeito. Então é articulação política, tem deputado atrás disso”, relatando a vontade de terceiros.
A conversa continua e o vereador fala em assumir o cargo de prefeito, assim que Marcelo renuncie. “Se você tem compromisso com os teus funcionários, secretários, eu mantenho tudo isso. Você sai pela porta frente da Prefeitura, chama as entrevistas, diz:‘eu não to com condição, vai ficar o Kordiak, vamos trabalhar juntos, o secretariado vai estar aqui’. Eu faço qualquer coisa para não te prejudicar. Você sai candidato a prefeito, não fica inelegível […] saio de candidato a vereador na próxima, fazemos qualquer coisa para você pensar, para não deixar isso aqui, por que eu sei que é fervo”.
Em outro trecho Kordiak diz: “Se eu tivesse no teu lugar eu faria”, falando no prefeito a renunciar. “Pense na sua família”, completa.
Mas a diante retorna a dizer: “eu não quero nada de mal, faço qualquer acordo com você para nós trabalhar junto, sai candidato a vereador não tem encrenca com ninguém. Veja, assumo o compromisso com tudo teu secretariado, com tudo os teus vereador. […] é uma situação que você sai pela porta da frente, chama a reportagem e diz: ‘olha eu fiz isso, fiz isso, fiz isso. Vamos trabalhar junto com o Kordiak, vou descansar que to cansado’. A gente te ajuda, se você sair candidato não, sei o que você ganha como candidato a prefeito. Eu to com você e se for preciso faço um acordo com você por causa disso, toco como você quiser. É muito mais melhor se acontecer, tipo, de caçar você e eu ir pra lá, nesta situação, arrumar a casa”, diz Kordiak.
Em outro trecho ele diz que a ex-prefeita Telma Fenquer não poderá ser candidata. “A Telma está com problema no tribunal. Você será o preferido”, diz Kordiak.
A reunião segue e o tom de voz se altera. Neste trecho uma pessoa diz: “fiquei com dó no Natan [vereador Natan Pontarolo que pediu afastamento do cargo por ter os direitos políticos cassados]”,uma segunda responde “este dó teu na verdade penaliza os três da mesa né, é crime de prevaricação”, uma terceira pessoa diz: “esses filho da p*** vão ter que defender, que se vocês quiseres colocar isso aqui pode colocar. Mas olha, veja a situação, nós vamos se matar gente, vamos se matar”.
Ao final da conversa alguém conclui a discussão:“o que deu para entender é que eles querem te deixar inelegível para você [Marcelo] não concorrer à outra”.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil para buscar entender se este crime denunciado se encaixa em coação (forma de violência física ou verbal que obriga determinada pessoa a agir contra a sua vontade) ou chantagem (ação de extorquir dinheiro ou favores sob a ameaça de revelações criminosas ou escandalosas, verdadeiras ou não), mas a questão ainda está sendo analisadas, não tem como a polícia enquadrar de forma rápida e objetiva. É necessário analisar qual conduta criminosa incide estes atos e se tem efetivamente uma conduta criminosa.
O delegado da Polícia Civil, Thiago Andrade, diz que o prefeito Marcelo Leite foi até a delegacia registrar boletim de ocorrência sobre possível crime de difamação contra ele. Nas redes sociais circulam diferentes vídeos difamatórios, sendo contra o prefeito e também contra os vereadores.
As últimas atualizações no cenário político de Guamiranga dão conta na tarde da sexta (10) foi protocolada por Luiz Antônio Rodrigues a denúncia contra o prefeito Marcelo, como prometida na reunião. Os vereadores aprovaram por unanimidade a investigação do prefeito Marcelo Leite. Como votaram, na mesma sessão, porarquivar o caso de denúncia de prevaricação para investigar os vereadores Cleberson Kordiak, Jacir Iensen e André Esmail. Esta ficando empatada e o voto de minerva do presidente da Câmara foi favorável a arquivar o caso.
A Folha de Irati oportunizou espaço para que os vereadores pudessem se manifestar. Ziquinho disse que esteve na reunião, mas que nunca pediu pro prefeito renunciar. “Eu só quero que todas as coisas sejam esclarecidas para a população Guamiranguense” disse na mensagem . André Possebom disse que “não pedi nada” e Cleberson Kordiak não respondeu as mensagens.