Esther Kremer
Uma audiência pública realizada na manhã de quinta-feira (13), na sede da Amcespar, em Irati, discutiu a situação crítica da BR-153, rodovia que corta diversos municípios da região. O encontro reuniu prefeitos, vereadores, assessores de deputados e representantes comunitários que destacaram os problemas da estrada e cobraram ações do Governo Federal e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
Entre as principais reivindicações estão a duplicação de trechos, construção de acostamentos e passarelas, além da possibilidade de municipalização da via como alternativa para agilizar investimentos. A pesquisa de campo realizada pela Folha de Irati revelou um dado alarmante: mais de 18 mil veículos trafegam diariamente pela BR-153. Esse volume intenso de trânsito torna ainda mais urgente a necessidade de investimentos na infraestrutura da rodovia.
“Foi manifestado essa insatisfação de toda a população, de toda a nossa região, são mais de 200 mil habitantes que compõem a região da Amcespar. Nós temos muita riqueza natural, os maiores produtores de tabaco do país, temos muita produção de soja, muitas indústrias, no caso da SEPAC de Mallet, que tem mais de mil colaboradores, temos a Yazaki em Irati, enfim, a BR-153 tem um trânsito intenso, então é impossível que nós não sejamos ouvidos”, comenta Leandro Jasinski sobre a audiência pública realizada.
Segundo Emiliano Gomes, o passo a passo para tentar resolver a situação já está começando e é importante a união de todos. “A partir de agora, com a confecção do documento de coleta de assinaturas que está sendo feito, temos de fazer uma força-tarefa junto ao DNIT e o Governo Federal. Também, a partir de agora, temos que fazer uma tração forte, a partir do próximo mês, no sentido de ir ao Governo Federal com toda essa documentação, com todas essas assinaturas, para a gente acelerar e solicitar a recuperação e manutenção da Via. Lembrando que só isso não é necessário, nós precisamos, de fato, ir além, pedir uma terceira faixa, solicitar toda a dignidade que a nossa região merece”, disse o prefeito.
O prefeito de Mallet, Pedro Kowalczyk, destacou a importância da BR-153 para a economia local. “A gente se unindo com a Amcespar, com Paulo Frontin, que é o Amsulpar também, eu acho que aí a gente vai ter um resultado mais efetivo para a 153. A gente precisa, e eu gostaria muito, de um acostamento. Lá em Mallet, por exemplo, tem um ponto que tem uma vila do outro lado da BR, precisaria uma travessia elevada, uma passarela, alguma coisa nesse sentido. Então é nisso que a gente está brigando porque a 153 é essencial para os municípios da nossa região. Acredito e tenho esperança que a gente consiga”, comenta.
O DNIT, órgão oficial responsável pela rodovia, não mandou nenhum representante para a reunião, porém encaminhou ao prefeito Leandro, um documento reforçando que melhorias estão sendo feitas. Em um dos trechos, diz que “para ilustrar, os serviços já executados e os que estão em andamento, incluem: fresagem descontínua e contínua do pavimento, microrrevestimento asfáltico, remendo profundo e recomposição estrutural. desconfinamento de leira e reestabelecimento do sistema de drenagem. Com os serviços em andamento, grande parte das avarias na rodovia já foram sanadas, proporcionando uma melhora na trafegabilidade e na segurança da via para todos que a utilizam. Além disso, a fiscalização responsável pelo trecho realizou vistoria recentemente e que, embora muitas das principais patologias tenham sido mitigadas, verificou que ainda há necessidade de serviços adicionais”. O documento completo pode ser lido no site da Folha de Irati.
Vítimas fatais impulsionam mobilização
O vereador Nentio, presidente da Câmara de Paulo Frontin, que representou o prefeito na audiência, destacou que a BR-153 está “muito desdeixada”. Segundo ele, apesar das recentes obras de tapa-buracos, a rodovia continua estreita e sem acostamento, agravando os riscos de acidentes. “O primeiro passo foi dado e eu acho de extrema importância que a gente cobre resoluções rápida, porque já está insustentável a situação, sem acostamento, buracos, vias estreitas, enfim”.
O vereador também compartilhou um relato pessoal, ele perdeu um filho em um acidente na rodovia. “A minha mais trágica notícia com a 153 seria a perca do meu filho. Para mim é duro, mas, ao mesmo tempo, o meu filho está me dando força para poder trabalhar, para que outras pessoas não passem pelo mesmo que eu passei, porque todo dia está acontecendo um acidente e quem perde são as famílias da região”, relata o vereador.
Pressão política e estratégias de mobilização
Nencho defendeu a necessidade de uma abordagem mais firme para pressionar as autoridades. Caso os abaixo-assinados e negociações com o Governo Federal não surtam efeito, ele sugere a realização de mobilizações e até bloqueios na rodovia. “Não podemos parar nessa primeira audiência pública. Eu acho que nós temos que conseguir o acostamento, a terceira faixa, porque nós merecemos, nós somos produtores, nós somos pessoas que produzem. Nós não estamos pedindo esmola, nós temos o direito, e acho que o nosso direito tem que ser respeitado”.
“A minha mais trágica notícia com a 153 seria a perca do meu filho. Para mim é duro, mas, ao mesmo tempo, o meu filho está me dando força para poder trabalhar, para solucionar”
Nentio
O presidente Leandro também falou sobre os passos para a solução do problema. “A equipe técnica da Amcespar está elaborando um documento sobre tudo o que ocorreu na audiência pública. Nós temos, fisicamente, mais de 6 mil assinaturas que foram coletadas dos comércios de toda a região e tem também uma petição eletrônica que está acontecendo. Esse documento será formalizado e nós levaremos pessoalmente lá em Brasília, junto com os demais prefeitos, com os vereadores, assim que conseguirmos essa agenda com o ministro Renan Filho, do Ministério de Infraestrutura e Transporte do país. Não existe município que tenha desenvolvimento sem ter logística e é o principal ponto para todos os setores da economia e é por isso que nós estamos brigando”.
A audiência pública reforçou a insatisfação da população da região com as más condições da BR-153 e a falta de investimentos por parte do Governo Federal. Com mais de seis mil assinaturas já coletadas, a mobilização pretende continuar, com a participação da população e o apoio de deputados estaduais e federais. O objetivo é levar a documentação com as demandas até Brasília, buscando uma resposta concreta do Ministério da Infraestrutura e do DNIT.
