Síndrome da Apneia do Sono: quais as causas e o tratamento

Dr. Bruno L. Alencar
Otorrinolaringologista
CRM 18299 RQE 13511

Quando há suspeita de apneia do sono, deve-se obter polissonografia (PSG) durante a noite ou teste de apneia do sono em casa para confirmar o diagnóstico clínico. Um exame de PSG durante a noite inteira no laboratório do sono, monitorado por um técnico, é considerado o padrão-ouro para o diagnóstico de SAOS.
Outra opção é um teste realizado parte da noite ou no próprio lar do paciente por meio de PSG portátil. Em um estudo do sono avaliado em laboratório, vários sinais fisiológicos são registrados para determinar se o fechamento das vias aéreas ocorre durante o sono e em que medida os eventos perturbam a continuidade do sono e a função cardiopulmonar.


Na apneia obstrutiva ou hipopneia, o fluxo de ar está ausente ou diminui por pelo menos 10 segundos na presença de esforço ventilatório. Movimento assíncrono (paradoxal) do abdômen e da caixa torácica pode ser observado. A queda de saturação de O2 pode ou não ocorrer com a hipopneia. O grau de dessaturação de O2 depende da duração do evento de apneia ou da saturação basal do paciente. Os despertares respiratórios são caracterizados por aumento do esforço ventilatório, levando ao despertar do sono que não atende ao critério de um evento de apneia ou hipopneia.


Características principais dos estudos do sono
• Índice de apneia-hipopneia
• Índice de excitação
• Distribuição do estágio do sono
• Frequência de quedas de saturações de oxi-hemoglobina
• Saturação média de oxi-hemoglobina
• Nadir desaturação de oxi-hemoglobina


Manejo
O manejo da SAOS deve ser individualizado com base no fenótipo da doença, na gravidade e na preferência do paciente. Os pacientes devem ser orientados a realizar exercício físico, perder peso e evitar privação de sono. Deve-se lembrar que a perda de peso nem sempre reverte a SAOS, mas os estudos mostram uma importante melhora no IAH dos pacientes.


Deve-se evitar álcool, especialmente no período noturno, pois a substância diminui o limiar de excitação e o tônus muscular de vias aéreas superiores, tornando as vias aéreas mais propensas a fechamento parcial ou completo e ocasionando períodos mais longos de apneia. Medicações sedativas ou hipnóticas podem diminuir a estabilidade das vias aéreas superiores e suprimir certos estágios do sono. Pesquisas sugerem que o impacto desses medicamentos nos índices de gravidade da SAOS são mínimos.


A terapia médica e cirúrgica deve ser adaptada para cada paciente. A probabilidade de aceitação e a adesão à intervenção terapêutica prescrita devem ser consideradas. Os objetivos do tratamento são normalizar a SaO2 e a ventilação, eliminar apneia, hipopneia e roncos, melhorar a arquitetura e a continuidade do sono, bem como melhorar os sintomas de SAOS, se presentes.


Quando um estudo do sono indica que apneia e ronco ocorrem apenas na posição supina, instruções sobre como dormir na posição lateral ou a elevação da cabeceira da cama podem ser benéficas. Contudo, a adesão é normalmente pobre.


A terapia de pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP) é o esteio no manejo desses pacientes. A CPAP foi introduzida para manejo da SAOS em 1981 e reduz os distúrbios respiratórios do sono pressurizando as vias aéreas superiores, evitando o colapso durante sono. A CPAP é a melhor modalidade de tratamento estudada para SAOS. Outras modalidades de terapias com pressão positiva têm demonstrado eficácia no controle da SAOS, embora com dados menos robustos em comparação com CPAP.


A terapia de pressão positiva com dois níveis de pressão nas vias aéreas (BiPAP) foi introduzida pela primeira vez como um tratamento potencial para SAOS no início de 1990. A BiPAP difere da pressão fixa contínua fornecida pela CPAP na medida em que permite ajuste independente da pressão expiratória positiva das vias aéreas (EPAP) e da pressão inspiratória positiva das vias aéreas (IPAP). A diferença entre IPAP e EPAP é a pressão que pode fornecer suporte para os músculos respiratórios e aumentar o volume corrente. Como a CPAP, a BiPAP é normalmente titulada no ambiente de laboratório.


Os tratamentos cirúrgicos para SAOS podem ser divididos em duas grandes categorias, como procedimentos que contornam as vias aéreas superiores e procedimentos que reconstroem as vias aéreas superiores. A uvulopalatofaringoplastia (UPFP) é uma cirurgia palatina com retiradas de partes do palato mole, da úvula e do tecido redundante adicional.


A cirurgia com avanço maxilomandibular projeta cirurgicamente a mandíbula e os tecidos moles fixados para a frente, aumentando o calibre da via respiratória e colocando tensão na parede faríngea. Estimulação das vias aéreas superiores com um neuroestimulador implantado cirurgicamente é outra opção terapêutica.

Esse dispositivo estimula o nervo hipoglosso, levando a protrusão da língua e movimento em massa das vias aéreas superiores e tecidos moles com o objetivo de manter a potência das vias aéreas. Atualmente, esse dispositivo tem critérios de elegibilidade muito específicos, e sua função no manejo da SAOS continua a evoluir.

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