Saiba como são feitas as cirurgias de Amigdalectomia e Adenoamigdalectomia

Dr. Bruno L. Alencar
otorrinolaringologista
CRM 18299 RQE 13511

A amigdalectomia consiste na remoção cirúrgica das amígdalas palatinas, ou seja, é a cirurgia para retirar ou remover as amígdalas. A operação pode ser realizada de duas formas: amigdalectomia total, que consiste na remoção total da amígdala ou, então, amigdalectomia parcial, que consiste na remoção parcial da amígdala.
A cirurgia das amígdalas é muito frequente em idade pediátrica, mas também cada vez mais efetuada em adultos.

O QUE É ADENOAMIGDALECTOMIA?

A adenoamigdalectomia é a cirurgia que consiste na remoção das adenóides e amígdalas, num único procedimento. Esta cirurgia combinada é a mais frequentemente realizada em crianças, sendo muito pouco frequente em idade adulta.
As adenóides ou vegetações adenoideias são uma estrutura localizada na parte posterior da cavidade nasal (na rinofaringe), e que são um local de infeções frequentes em idade pediátrica, bem como causa frequente de obstrução nasal nessas idades. Em adultos, as adenoides raramente se encontram hipertrofiadas (salvo algumas excepções) porque geralmente desaparecem ou reduzem à medida que a idade avança.

INDICAÇÃO DE CIRURGIA NOS ADULTOS
Em idade adulta, os critérios para avançar para esta cirurgia à “garganta” são variados. Tradicionalmente associada a amigdalites de repetição, hoje em dia as indicações para a cirurgia incluem outras razões que discutimos em seguida.
A função das amígdalas ainda é fonte de debate na literatura médica, mas é considerada como uma das primeiras linhas de defesa no sistema imunitário da via aérea superior, juntamente com os outros elementos do chamado anel de Waldeyer.
Em caso de amígdalas grandes, que promovam a obstrução da própria respiração e contribuam para o ressonar ou “ronco”, a amigdalectomia também pode ser indicada. Nesses casos, as amígdalas linguais também podem ter um papel e poderão ser incluídas num procedimento mais alargado.

INDICAÇÃO NAS CRIANÇAS
A cirurgia das adenóides e amígdalas infantil é bastante frequente, e existem normalmente 2 indicações principais: A mais conhecida refere-se ao contexto de adeno-amigdalites de repetição com recurso sistemático a antibioterapia oral ou intra-muscular, levando a elevada taxa de absentismo escolar e absentismo profissional por parte dos pais. Após esgotar todas as opções conservadoras (existem algumas vacinas orais no mercado, mas com benefício variável), a decisão de quando operar deverá ser discutida com o pediatra e com o médico Otorrinolaringologista.

COMO É FEITA A CIRURGIA?
A remoção ou extracção das amígdalas com ou sem adenoides é realizada sob anestesia geral em ambiente de bloco operatório.
A técnica clássica por disseção fria (ou seja, sem recurso a equipamentos que emitem calor) continua a ser a mais efetuada a nível mundial, e também continua a ser aquela que demonstra sucessivamente melhores resultados com um risco muito baixo de complicações.
Em casos de roncopatia (ressonar) e suspeita de síndrome de apneia de sono, pode-se optar por realizar uma amigdalectomia parcial, que consiste na remoção parcial do excesso de amígdala que prejudica a respiração, deixando ficar uma parte do tecido linfoide que não obstrói a via aérea superior.
Em casos, de infeções de repetição, esta exérese deverá ser total (amigdalectomia total) para não deixar para trás tecido linfoide que possa perpetuar essas infeções.


RISCOS E COMPLICAÇÕES
Os riscos e as complicações deste tipo de cirurgia são, felizmente, pouco frequentes e variam entre os 2-6%. O risco / complicação mais frequente, e potencialmente perigosa, é a hemorragia pós-operatória. Pode ocorrer logo após a cirurgia (complicação precoce) mas acontece sobretudo entre o 7º a 12 º dias depois da cirurgia.
No processo de cicatrização, pode haver exposição de algum vaso sanguíneo mais fragilizado, e este sangrar mais de uma semana após o procedimento cirúrgico. Outra complicação que pode ocorrer é a disfagia (não conseguir alimentar-se pela boca). Geralmente, esta situação é passageira e raramente é total. De forma quase constante, tanto adultos como crianças comem com mais dificuldade e menos que o habitual. No entanto, mesmo que seja em pequenas quantidades, o importante é manter o aporte em líquidos para não haver casos de desidratação (risco mais evidente nas crianças), e esta fase poderá levar a alguma perda de peso (dependendo do peso inicial, o doente poderá emagrecer até aos 3-4kg).

PÓS-OPERATÓRIO E RECUPERAÇÃO
O pós-operatório desta cirurgia é relativamente mais simples em crianças do que em adultos. Normalmente, as crianças apresentam quadro de dores mais leves e retomam a alimentação mais precocemente do que os adultos.O tempo de recuperação costuma variar entre 10 a 12 dias em idade pediátrica, enquanto nos adultos o tempo de recuperação costuma variar entre 16 a 20 dias até retomarem uma vida quase normal.

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