Especialista explica por que nossa voz parece esquisita quando a ouvimos

Dr. Bruno L. Alencar
Otorrinolaringologista
CRM 18299 RQE 13511

“Que voz estranha é essa?”. Certamente você já se perguntou isso ao ouvir um áudio que enviou a alguém ou assistiu à gravação de um vídeo seu. Com o advento da tecnologia e a forte presença nas redes sociais, as pessoas passaram a se ouvir muito mais. Antigamente, o mais perto que um indivíduo comum chegava de ouvir a própria voz era através de uma secretária eletrônica.


Mas, se o som que uma pessoa ouve ao falar é diferente do captado por aparelhos, ou da voz ouvida por outras pessoas, por que acontece esse estranhamento com a própria voz?


COMO OUVIMOS NOSSA VOZ?
De acordo com o otorrinolaringologista, Dr. Bruno Leonardo Alencar, a explicação para o indivíduo ouvir a própria voz de formas diferentes é puramente fisiológica. A nossa voz, de acordo com Alencar, é produzida por um tubo denominado laringe. O ar, ao passar por esse tubo, faz vibrar as pregas vocais, produzindo, assim, um som. O médico explica que esse som é percebido pelo indivíduo de duas maneiras: a primeira, pela via aérea, e a segunda, pela via óssea.


A via aérea é caracterizada pelo som que sai da boca e entra nos ouvidos. O indivíduo percebe, assim, o som que está produzindo. Ou seja, a sua voz. Sobre a via óssea, o otorrinolaringologista explica: “A outra percepção ocorre porque essa vibração [das pregas vocais faz vibrar também as estruturas ósseas no meu pescoço, na minha cabeça. Assim, a vibração chega ao aparelho auditivo e eu me escuto através dela”, esclarece.


A VERDADEIRA VOZ
Quem nunca, após ouvir a própria voz em um áudio, se perguntou: “então essa é a minha voz de verdade?” ou “é assim que as pessoas me escutam?”. Infelizmente, para aqueles que não gostam da própria voz, a resposta é sim. Segundo Alencar, a voz gravada, aquela que vai ser socializada, não tem o acréscimo da via óssea. Ou seja, o indivíduo, assim como os demais, escuta a voz apenas por intermédio da via aérea. “Então, a nossa verdadeira voz é a voz que está gravada”, afirma o otorrinolaringologista.


Dr. Bruno fala sobre a relação das sensações humanas com a voz: “Eu posso ter uma sensação de tensão ou de relaxamento. Posso ter uma sensação de secreções na minha garganta quando eu estou falando. Eu posso sentir ressecamento na minha cavidade oral, e isso pode não passar para a minha voz gravada. São sentimentos meus, são sensações minhas”, pontua.


A gravação e a transmissão da voz acontecem há um tempo. Porém, a não ser que você fosse um profissional relacionado a essas áreas (como locutores de rádio, apresentadores, atores ou músicos), não iria ter interesse, e talvez nem os meios, para gravar a sua voz. Ou, se tivesse a curiosidade, a probabilidade de não gostar do que ouvir, sentir uma certa vergonha e não querer repetir o processo, era alta.

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