Kauana Neitzel com informações AEN
Os produtores paranaenses de soja poderão produzir, em uma área de 5,76 milhões de hectares, aproximadamente 20,89 milhões de toneladas de soja nesta primeira safra 2022/2023. Esse volume, se confirmado, será o maior da história no Paraná. As informações são da Previsão Subjetiva de Safra (PSS) divulgada pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), relativa ao mês de fevereiro.
As expectativas para a cultura da soja representam um aumento de 70% no volume de produção comparativamente à safra 2021/2022, quando foram produzidas 12,31 milhões de toneladas. A colheita do grão indica que 85% das lavouras se encontram em boas condições, 12% em condições medianas e 3% em condições ruins.
Fevereiro de 2023 foi marcado por muita chuva em todo o Paraná. Na soja, de uma forma geral, a persistência e ininterrupção de chuvas longo do mês impediram que fossem realizados tratos culturais como controle fitossanitário e colheita em muitas áreas do Estado. Além do alto quantitativo pluviométrico no Estado, observou-se chuvas constantes ao longo do mês. Em média, o Paraná ficou apenas nove dias sem registrar precipitação, o que corresponde a 19 dias com chuva. Apesar das chuvas, que ainda mantêm o volume de colheitas aquém das expectativas iniciais, houve avanço na última semana.
Caso a produtividade continue no patamar atual, espera-se uma safra recorde para o Estado, superando os 20,8 milhões de toneladas obtidos em 2020, e até mesmo a projeção de 20,9 milhões feita em fevereiro. A maior parte deverá ser transportada pelo Porto de Paranaguá, prioritariamente por modal rodoviário.
Nesse cenário de maior produção, observou-se uma pressão maior nos preços, segundo o Deral. Em fevereiro, o preço médio pago aos produtores pela saca de 60 kg foi de R$ 158,14, o menor dos últimos 12 meses, e 14% menor que o registrado em fevereiro de 2022.
Valor da saca recuou para patamares de 2020.
Os preços da soja derreteram na última semana (23) no mercado interno. A saca foi negociada a R$ 144 em Cascavel (PR), o menor valor desde dezembro de 2020, e em R$ 132,5 em Sorriso (MT), o mais baixo desde setembro daquele ano. Boa parte dos agricultores não contava com essa redução tão acelerada. A queda é preocupante porque, na média, apenas um terço da soja deste ano foi comercializada.
Essa hipótese de queda, no entanto, não estava descartada, afirma Daniele Siqueira, analista do site AgRural. De acordo com Daniele o mercado ficou olhando muito para as perdas históricas da Argentina e não atentou sobre a possibilidade de uma confirmação da supersafra brasileira. Os preços recuam fortemente porque a China pisou no freio nas compras novas de soja. As margens não estão favoráveis para a indústria no país asiático, e os chineses sabem que o Brasil vai ter de colocar um volume maior de soja no mercado internacional neste ano.
A amplitude dessa queda foi um pouco surpreendente, mas pode ser momentânea e, passado o susto, as atenções agora se voltam para a safra norte-americana 2023/24. A persistir esse cenário, os produtores brasileiros não vão ter os mesmos patamares de preços de 2022, um ano para ser lembrado.
Com a baixa nos preço os produtores se vêem lesados, pois os insumos foram comprados na alta. “Todo ano é mesma coisa, os insumos lá nas alturas ai na época da colheita cai o preço da saca. Às vezes nem paga a conta dos insumos usados no plantio, tem excesso de chuva, muitos perderam quase tudo e assim vai o agricultor só se complicando. Muitos não entendem, pois nunca plantaram, se acham no direito e metem a boca nos agricultores, só sabe como funciona quem vive a situação”, desabafa a produtora Regiane Nunes.
“Está complicado e foi um ano muito difícil aqui, muita chuva desde o preparo para plantar, daí o ciclo inteiro só chuva e chuva, e foi um ano que os insumos estavam muito caro”, “é triste a realidade do produtor rural brasileiro. Normalmente o pessoal trabalha plantando por 10 anos pra ter uma safra boa e olhe lá. O problema maior é que o país tem sua base economia no agronegócio e por sua vez esses são os que mais sofrem no mercado”, contam outros produtores.