Leandro Bianco
A cobertura do solo com plantas de serviço no período de inverno é utilizada para reduzir a exposição da terra e preservar suas condições produtivas. O uso de mix de espécies melhora a estrutura física do solo, aumenta a matéria orgânica, amplia a infiltração de água, ajuda no controle de plantas daninhas e na descompactação, favorecendo o desenvolvimento e uma maior produtividade nas culturas de verão.
Na comunidade de Restinga, em Imbituva, esse manejo é aplicado na prática no campo experimental do Projeto Grãos de Alta Performance, desenvolvido pela Afubra em parceria com a Embrapa e empresas do setor agrícola, como a Raíx BioSoluções. Há cinco anos, o espaço é utilizado para testar cultivares e estratégias de manejo com foco na construção de um solo mais fértil e produtivo.
“Nosso objetivo aqui é alcançar o teto produtivo das culturas, especialmente do feijão, que é o carro-chefe do projeto. Para isso, a estruturação do solo é essencial”, explica Lázaro Bock, gerente das filiais da Afubra em Irati e Imbituva.
As plantas de cobertura são utilizadas entre os ciclos de grãos, como soja, milho e feijão, com o objetivo de manter o solo protegido. O espaço experimental é dividido em parcelas que, durante o inverno, recebem manejos distintos: algumas são cultivadas com trigo, enquanto outras são destinadas à formação de palhada, com diferentes composições de mix de cobertura, voltadas a estimular a atividade biológica e preparar o solo para a próxima safra.
Segundo Lázaro, os mix de cobertura usados nas entre safras contribuem para a descompactação, o aumento da matéria orgânica e o controle da umidade, melhorando o enraizamento das plantas e fortalecendo o solo contra a seca e o excesso de chuva. “As plantas de serviço são importantes para que a gente possa ter essa matéria orgânica e, com o passar dos anos, estruturando o solo para que esse solo esteja rico em nutrientes, que esteja descompactado para termos um solo bem nutrido para que as plantas expressem o seu potencial máximo de produtividade”, ressalta.
Ainda de acordo com o gerente, os resultados do projeto, que se tornam mais perceptíveis ano após ano à medida que o solo vai se estruturando, incluem ganhos expressivos em matéria orgânica, melhoria da microbiota, aumento de cálcio e maior eficiência na fixação de nitrogênio. “Com esse aumento da matéria orgânica, a gente tem uma atividade biológica muito bem estabelecida dentro das parcelas, e com isso a gente busca o principal objetivo, que é o aumento da produtividade e mitigar os riscos”, complementa.
A empresa Raíx BioSoluções, parceira do projeto, é responsável por fornecer os mixes de cobertura, que combinam espécies com funções específicas. “A gente vem trazendo a nossa tecnologia, que são os mix de plantas de cobertura, justamente pra agregar principalmente em questão de solo. Trabalhando a parte química, física e biológica do solo, pensando em aumentar a produtividade”, afirma Murilo Peters, representante da Raíx.
De acordo com Murilo, os benefícios vão além da palhada visível. Os mix desenvolvidos pela empresa promovem maior volume de raízes, ativam a microbiologia do solo e podem gerar o dobro de matéria seca em relação a coberturas convencionais, como a aveia. “Quando a gente tem uma palhada maior no solo, evita que as plantas daninhas apareçam nas áreas, garante uma proteção maior, mantém a umidade e diminui muito a questão da erosão”.
Outro diferencial, conforme o representante da Raíx, é a qualidade das sementes fornecidas. A empresa investe em pesquisas para ajustar a dosagem de cada espécie nos mix, evitando desequilíbrios e garantindo que todas as plantas cumpram seu papel no solo. Esse cuidado resulta em um produto confiável e eficiente para a cobertura vegetal. “A gente trabalha com semente certificada, com qualidade comprovada em laboratório, e isso faz total diferença, principalmente porque mix não é tudo igual”, afirma Murilo.
Na visão do coordenador do Projeto Grãos de Alta Performance, Gilcinei Rodrigues dos Santos, os resultados não ficam restritos ao campo experimental. “A gente já tem produtores usando o sistema implantado aqui. Até o próprio produtor, dono da área onde estamos hoje, já faz a rotação e conseguiu aumentar muito a produtividade dele”, comenta.
O trabalho desenvolvido no campo experimental serve de base para o repasse direto aos produtores da região. Além de mostrar os resultados nos dias de campo, a Afubra atua com orientação técnica nas lojas e nas propriedades. “A gente tira o resultado daqui, já sabendo o que está dando certo, e leva para dentro das lojas e do nosso corpo técnico. Temos seis vendedores externos em Imbituva e seis em Irati, todos técnicos e agrônomos bem instruídos. Esses mesmos produtos que testamos aqui no campo estão disponíveis nas lojas para que possamos entregar ao produtor com os devidos benefícios”, detalha Gilcinei.