Os dias podem até estar quentes demais na Terra, mas parece congelante perto da nova descoberta de astrônomos de Queensland, na Austrália. Os cientistas encontraram um novo planeta cujas temperaturas chegam a até 2.700ºC, calor o suficiente para derreter a maioria dos metais que conhecemos.
O planeta gigante gasoso recebeu, por enquanto, o nome TOI-1431b, ou MASCARA-5b, e fica a 490 anos-luz da Terra (4,655 quatrilhões de quilômetros – são 12 zeros). Ele é uma vez e meia maior do que Júpiter, com o triplo da massa, e foi descoberto por um grupo de astrônomos ao redor do mundo, liderados pelo astrofísico Brett Addison, do Centro de Astrofísica da Universidade do Sul de Queensland (USQ), na cidade de Toowoomba.
“Esse tipo excepcionalmente quente de planetas, conhecidos como Júpters super-quentes, são muito raros”, disse Addison, em entrevista ao site da universidade. “Esse é um mundo infernal, com temperaturas de 3.000 K, aproximadamente 2.700ºC, de dia e 2.600K, ou 2.300ºC, à noite”, acrescentou o astrofísico.
“Esse planeta é mais quente do que os pontos de fusão da maioria dos metais e mais quente do que lava derretida. A temperatura do planeta se aproxima da do escapamento de um motor de foguete”, disse o astrofísico, ao CNet.
O ponto de fusão é quando uma substância passa do estado sólido ao estado líquido. Apenas quatro metais conhecidos possuem ponto de fusão superior aos 2.700ºC do novo planeta: tântalo (Ta, número atômico 73), tungstênio (W, número atômico 74), rênio (Re, número atômico 75) e ósmio (Os, número atômico 76).
Segundo o cientista, nenhuma forma de vida conseguiria sobreviver na atmosfera do planeta recém-descoberto. Ele ainda lembrou que esta é a segunda temperatura noturna mais alta já medida em um exoplaneta, sendo mais quente do que algumas estrelas anãs-vermelhas da Via Láctea, ou 40% das estrelas da galáxia.
TOI-1431b fica muito perto da estrela em que orbita, levando dois dias e meio para completar uma volta. Como o caminho é tão inclinado, ele vai para o lado oposto em que a estrela gira, uma órbita retrógrada.
Para identificar o planeta, Addison coletou dados através de diversos telescópios, mas principalmente um localizado nas Ilhas Canárias. Ele foi visto pela primeira vez pelo Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da Nasa, no final de 2019. “Essa descoberta é uma ótima oportunidade para estudar as atmosferas desses planetas e entender como se formam e migram”, concluiu Brett Addison.