Produção do morango ganha destaque através de projetos para diversificação de culturas em Guamiranga

Segundo dados da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente, nos últimos três anos, a estimativa de produção cresceu 76%

Leandro Bianco

Em Guamiranga, a produção de morangos tem crescido muito nos últimos anos e se tornado uma alternativa viável para aqueles produtores que pretendem diversificar a produção em suas propriedades. Segundo dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente do município, nos últimos três anos, a estimativa de produção cresceu 76%. A expectativa é que em 2024 sejam produzidas 106 toneladas de morango. 

“Guamiranga é um berço riquíssimo, da produção do tabaco, dos grãos, da soja, do milho, do feijão, dos suínos, da piscicultura e da atividade do leite. Mas também tem ganhado força a questão da fruticultura e da olericultura nos últimos anos. Essa diversidade traz equilíbrio econômico para o município. Então, nos últimos anos, gradativamente, Guamiranga tem tido, através da sua produção primária, uma crescente no valor bruto da produção. Isso graças a essa diversidade. Isso é de suma importância para o município e principalmente o fortalecimento da economia local”, explica a secretária de Agricultura de Guamiranga, Cristiane Tabarro Borgo.

“A diversificação de culturas vem somente a enriquecer a atividade agrícola, não só do município, como de toda a região”

Cristiane Tabarro Borgo

Segundo a secretária, introduzir novas atividades dentro de uma propriedade significa ampliar as possibilidades de renda. “Por exemplo, se em uma propriedade eu tenho uma granja de suínos, uma estufa de morango e um pouco de fumo também, essas três atividades unidas, fortalecem a questão econômica daquela família, porque quando uma coisa não vai tão bem, a outra atividade fortalece e equilibra as finanças”, destaca.

A Secretaria de Agricultura de Guamiranga, com o auxílio de alguns parceiros como o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) e o Sistema FAEP/SENAR-PR, através do Sindicato Rural de Guamiranga, tem um trabalho de incentivo à diversificação de produção. A Associação da Agricultura Familiar de Guamiranga (AAFAG) surgiu como resultado desse trabalho.

Fundada em 2016, a AAFAG tem enfoque na produção de verduras e da fruticultura, além da agroindustrialização.

PRODUTORES DE MORANGO

Há oito anos, Gildo Rechi Neves e a família realizam o cultivo de morangos na propriedade, que fica localizada próximo a área urbana do município de Guamiranga.

Gildo explica que o que os motivou a cultivar morangos foi a queda no preço do fumo. “Naquela época, o fumo estava bem ruim de preço. E a gente procurou diversificar para ter mais uma renda na propriedade. Comecei com uma estufa. Eu sempre plantei fumo a vida toda, mas daí apareceu um projeto de diversificação. Nós nos enquadramos nesse projeto e começamos a produzir morango”, relembra. 

Segundo o agricultor, ele e a família possuem cerca de 8 mil mudas plantadas e o volume de produção pode mudar de acordo com o clima. “Eu produzo mais de 1 kg por pé, por ano. Chego a produzir 8.000 kg ou 10.000 kg de morango. Varia, depende do clima, tem que dar geada, esfriar pelo menos para ele produzir”.

De acordo com o produtor a procura pelos morangos é muito grande. Além de realizar a venda de morangos in natura, a família também comercializa geleia de morango, produzida em agroindústria própria.

A moradora da localidade de Boa Vista, interior de Guamiranga, Lucilene Batistel de Cremo, começou a cultivar morangos a cerca de um ano. Com um número aproximado de 3.200 mudas plantadas, Lucilene e a família se dizem satisfeitos com os resultados e pensam em aumentar a plantação de morangos, futuramente.

A produtora conta que montar uma estufa de morangos sempre foi um desejo de seu marido. “A gente lidava com o fumo, plantava tabaco. E o fumo estava dando muito serviço, era muito sofrido. No último ano em que plantamos fumo, a gente teve que colher o fumo debaixo de chuva, o que fazia mal para todo mundo, todo mundo passava mal. Nós começamos a ver que não estava valendo a pena, daí resolvemos mudar. O ano passado que nós conseguimos colocar a estufa”, disse a produtora.

Enquanto seu filho e marido saem para trabalhar como pedreiros, Lucilene cuida da estufa de morangos. “Meu marido sempre foi pedreiro, sempre nos intervalos do fumo, ele ia trabalhar de pedreiro. Mas eu não tinha outra opção. Agora eu tenho a estufa aqui para mim cuidar, e é uma renda a mais para a família”, finaliza. 

HISTÓRICO DO MORANGO NO MUNICÍPIO

A cultura do morangueiro comercial teve início no município de Guamiranga no ano de 2008, com mudas adquiridas do Chile, através da COMOPAR (Cooperativa dos Produtores de Morango do Paraná).

O técnico da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente de Guamiranga, Metodio Sabatovski, conta mais detalhes sobre esse início e as mudanças na forma de se cultivar morangos. “Eram seis produtores com o cultivo realizado no chão, em canteiros cobertos. As variedades cultivadas foram “Camino Real” e “Camarosa”, ambas adaptadas para dias curtos e clima mais próximo da nossa região. A produtividade surpreendeu, com produção por pé duas a três vezes mais que das regiões produtoras tradicionais. Com o passar do tempo o cultivo passou a ser protegido em canteiros suspensos, o qual facilitou muito o trabalho junto à cultura, pois possibilita o trabalho em pé, também melhorou a qualidade e a produtividade dando melhor retorno aos produtores”, relatou Metodio.