Documentário “Primo Araújo: o Poeta das Artes Plásticas” encanta público

Evento contou com a presença expressiva do público local, que lotou o Centro Cultural Clube do Comércio

Sthefany Brandalise

Em uma noite memorável, o Centro Cultural Clube do Comércio se transformou em uma sala de cinema para a estreia do documentário “Primo Araújo: o Poeta das Artes Plásticas”. O evento contou com a presença expressiva do público local, que lotou o espaço. Este dia ficará para sempre marcado, pois foi o primeiro projeto da cidade a ser contemplado em um edital de audiovisual de cinema, financiado pela Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, em parceria com a Prefeitura de Irati, Secretaria de Cultura e Turismo de Irati, e Cine Central Filmes.

Pedro Henrique Wasilewski, idealizador e diretor do documentário, compartilhou suas motivações para o documentário. “Eu nutria dentro do meu âmago fazer algo com a história do Primo Araújo, porque no documentário que eu fiz do cinema eu já havia explorado um pouco da história dele, pois ele fazia os cartazes. Foram passando vários anos e esse trabalho foi ficando na gaveta, porque não tinha um incentivo. E quando surgiu a lei Paulo Gustavo e eu consegui o incentivo eu procurei contratar uma equipe e fazer algo mais robusto. Me dediquei totalmente a fazer esse filme durante 6 meses”, disse.

Clube do Comércio se transformou em uma sala de cinema – Foto: Reprodução

Pedro também destacou a importância de reproduzir a cena do baile de gala no Clube do Comércio. “Uma das cenas que deixa as pessoas maravilhadas é a cena do baile de gala, que ele retrata em uma de suas obras, e que encanta todos pelos seus detalhes. E como os entrevistados sempre falavam do baile de gala, eu pensei em reproduzir aqui no clube do comércio, que é histórico na cidade, pensando em fazer uma homenagem também ao clube. Foi uma cena que levou mais de sete horas para ser gravada, para depois transformar em poucos minutos, mas é uma das cenas que o público mais gosta”.

Além das filmagens, Pedro se dedicou à recuperação de fotografias históricas, utilizando a inteligência artificial. “Alguns anos atrás eu tive uma ideia de fazer a recuperação de fotografias históricas do meu acervo pessoal. E depois de uns anos esse estilo de recuperação foi evoluindo, e quando eu estava fazendo filme eu precisei fazer algumas recuperações de fotografias históricas, e encontrei a oportunidade de trazer movimento para essas fotografias com a inteligência artificial. Até o Zeca comenta que quando ele viu o pai dele jovem em movimento trouxe uma lembrança muito positiva, muito boa no coração dele. Então eu procurei usar a inteligência artificial para trazer vida a alguns personagens de Irati”, disse.

Zeca Araújo, filho de Primo Araújo, compartilhou sua emoção com o documentário. “Fiquei muito emocionado porque o público de Irati prestigiou e deu essa valorização para o documentário. Meu pai deixou muita coisa e eu garimpo em todo lugar para conhecer histórias dele. Sempre fico feliz em saber que meu pai fez parte da arte de Irati. Foram então seis meses de muito trabalho, e ficou lindo. É um sentimento de bondade, de positividade, de amor dentro do coração, fico muito feliz das pessoas virem assistir e a gente fazer um trabalho pela cultura do município”, disse. 

Zeca também comenta sobre o uso do isopor nas obras do Primo Araújo. “Um dia surgiu no Brasil o isopor. E eu vim para Irati e trouxe um pedaço para meu pai, e pedi para ele bolar alguma coisa. Então ele começou a usar e gostou. Depois surgiu a ideia de fazer cenas de Irati, com o alto relevo usando o isopor, e surgiu essa arte. E era algo muito difícil, porque o isopor é muito delicado”.

Ainda, Zeca fala que seu pai não deixava ninguém observar ele pintando. “Eu queria tocar o trabalho, mas ele não deixava ninguém ficar olhando ele fazer. Eu sondava às vezes e queria continuar, mas fiquei com medo de passar vergonha. Então entrei na escultura de madeira”, diz.

Kléber Gonçalves, ator que interpretou Primo Araújo, falou sobre sua experiência. “Foi uma honra enorme interpretar Primo Araújo e trabalhar na minha cidade. Estudei muito sobre a época e até tive que emagrecer 10 kg para poder fazer o personagem. A parte boa de ser artista é fazer um bom trabalho e ver as pessoas falando que gostaram, aplaudindo e elogiando. É uma coisa muito gratificante para mim, ainda mais sendo na cidade onde eu nasci”, disse.

“É questão de sonhar e correr atrás do que você realmente quer. Não é fácil ser artista, mas também não é impossível. Então se você tem um sonho corra atrás que vai dar certo, foi isso que aconteceu comigo”, finaliza Kléber.

Luiza Fillus, que participou do documentário, destacou a importância de conhecer a história local. “Foi um grande privilégio assistir ao documentário. Revisitar nossos artistas e conhecer seus talentos que engrandece nossa biografia. Esse documentário servirá para professores trabalharem com as crianças, mostrando o orgulho de termos tido alguém com tanto talento como Primo Araújo”.

Luiza também conta que possui um quadro do Primo Araújo, e quem quiser conhecê-lo basta ir até o Sebo Centenário. “Esse quadro eu guardo no Sebo, então quem quiser ir ao Sebo o quadro está à disposição. Eu não guardo para mim, eu deixo para que todos possam apreciar”.

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