Conheça a celebração da Páscoa dos poloneses e ucranianos na região

Nelsi Antonia Pabis e redação

A religiosidade dos poloneses, repassada através de gerações para os descendentes, faz da Páscoa e dos dias que a antecedem, a Semana Santa, o ponto alto das comemorações. É uma das mais antigas e significativas datas cristãs que celebra a ressurreição de Cristo e a vida. Para os poloneses, além de comemorar a ressurreição de Cristo, é a festa da família e envolve cerimônias religiosas e costumes populares.


A religiosidade é vista com maior fervor no Domingo de Ramos (Niedziela Palmowa), que relembra a chegada triunfante de Jesus a Jerusalém. A sexta-feira santa é dia de jejum, participam da via sacra e da cerimônia da Paixão de Cristo e os poloneses entoam o cântico Gorskiezale, lembrando a trajetória de Jesus até ser crucificado.


No sábado, o ponto alto das comemorações que antecedem a Ressurreição de Cristo, é a Swieconk (benção dos alimentos), um cenário de cores e sabores. Centenas de cestas bem decoradas, contendo alimentos tradicionais, são levadas à igreja, colocadas ao redor do altar para serem abençoadas.


De acordo com a tradição polonesa fazem parte da cesta: o carneiro – símbolo da ressurreição de Cristo; a raiz forte – símbolo do sofrimento de Cristo; o sal – símbolo da verdade; o queijo – símbolo da reconciliação do homem com a natureza; o bolo – símbolo da habilidade; o pão – símbolo de Cristo e da prosperidade e os ovos cozidos, as pêssankas – ovos artisticamente decorados, com técnicas especiais. Nas crenças eslavas o ovo tinha significado importante, simbolizava o início de uma nova vida.

Alimentos são espetáculo de cores e sabores da culinária polonesa – Foto: Marta Belo

Atualmente, a manteiga, óleo de cozinha e diversas guloseimas, dentre elas os chocolates, fazem parte das cestas que são levadas à igreja para serem abençoadas. Estes alimentos bentos farão parte da primeira refeição do domingo da Páscoa, quando a família reunida em torno da mesa, fará suas preces de gratidão e louvor a Jesus Ressuscitado e a partilha dos alimentos bentos.


A imigração ucraniana na região deixou marcas em diversas celebrações religiosas e culturais. Na Páscoa, em especial, esses traços ficam ainda mais evidentes, tendo em vista as diversas tradições que seguem sendo praticadas pelos descendentes da etnia. Entre eles, as populares e caprichosas decorações, as danças, o jejum, missas e a indispensável bênção dos alimentos são algumas das heranças culturais daqueles que seguem o rito da Ucrânia nas festividades pascais.


Realizada no Sábado de Aleluia, apesar de muitos cristãos de tradição latina também realizarem a bênção dos alimentos, ela é indispensável para os fiéis ucranianos e demanda um preparo de dias. Os descendentes enchem uma cesta com os preparos que serão partilhados no almoço de domingo e a levam para que seja abençoada pelo sacerdote. Cada alimento tem uma razão simbólica para ser servido: Paska – é um pão redondo e enfeitado com desenhos. Ele representa a passagem bíblica “Eu sou o pão vivo descido do céu” (Jo 6,51); Manteiga- moldada em forma de cordeiro, representa o Cordeiro Pascal, descrito no Novo Testamento. “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29); Pêssanka – os populares ovos decorados também colorem as cestas de Páscoa. De acordo com a tradição, o ovo simboliza a Ressurreição de Cristo. Assim como do ovo nasce uma vida nova, também Jesus saiu do sepulcro para uma vida nova, como explicamos padres; Carnes – representam o cordeiro imolado pelo Povo Escolhido na Páscoa (Ex 12, 1-14); Krin – a raiz simboliza o amargor do pecado na vida das pessoas, do qual os cristãos libertados pela morte de Jesus na cruz. O tempero é utilizado em vários preparos, como nas carnes.


Além desses, outros alimentos são colocados na cesta, como os ovos de chocolate, que seguem o mesmo princípio simbólico das Pêssankas. Também são levadas velas para bênção, que simbolizam que “Cristo é luz do mundo” (Jo 8,12). Ainda, a cesta é coberta com uma toalha branca decorada, que serve para lembrar o lençol de linho que envolveu Jesus para ser sepultado.

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