A Cartilha de Orientação Política é uma iniciativa dos bispos do Paraná, que formam a chamada Regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a cartilha tem como objetivo orientar e informar os fiéis a respeito das eleições. Ela é dividida em três partes. Na primeira, trabalha a conceituação de política, cidadania, democracia, a importância do voto, a diferença dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Na segunda, mostra a relação entre igreja e política, e na terceira parte, trata, objetivamente, das eleições municipais de 2020.
Os padres de cada Paróquia fazem o pedido das cartilhas conforme a demanda da eleição anterior, elas ficam disponíveis nas Secretarias das Paróquias. Por meio do dízimo e das ofertas, as cartilhas são custeadas, e podem ser encontradas, também, na internet basta digitar “Cartilha de Orientação Política CNBB 2020” ou pode usar o QR Code que está presente nas cartilhas.
Padre Hélio Guimarães, reitor do Seminário Menor Mãe de Deus de Irati, explica que a igreja sempre teve um olhar atento para a sociedade e está muito ligada a política, não assumindo o protagonismo político, mas levando os valores. “A igreja é perita em humanidade, porque faz a ponte entre Deus e o homem, é preciso conhecer a humanidade. Então, a igreja está relacionada à política, mas não para ocupar cargos públicos, pois não é este o lugar dela. O lugar da igreja é apresentar seus valores para a sociedade, assim, os fiéis que carregam estes valores são incentivados a entrarem na esfera política”, disse o padre.
Uma política que divide nunca é benéfica.
Padre Hélio Guimarães.
A cartilha surgiu na época em que foi feito o baixo assinado para votar nas 10 orientações contra a corrupção. Nos ambientes da Igreja Católica, a fala sobre política cresce cada vez mais. “Buscando nos documentos que a igreja já escreveu, com base no que os papas falaram nas últimas décadas, decidiu-se traduzir um pouco daquela fala dos papas para as nossas comunidades. Um dos grandes idealizadores desta cartilha foi o padre, na época, Mário Spaki, que é de Irati e estava trabalhando em Curitiba, na Secretaria da Regional dos Bispos”, comenta Hélio.
Todo período eleitoral a igreja revisa a cartilha anterior e traz as novidades do que o Papa tem falado. “O Papa Francisco tem falado muito sobre nossa atuação política e do combate a corrupção, o que ele falou nos últimos anos não está nas cartilhas anteriores, mas está nesta de 2020”, afirma o padre.
FAKE NEWS E DISCURSO DE ÓDIO
Na edição anterior, das eleições de 2018 a cartinha já trouxe a orientação a respeito da FAKE NEWS, e neste ano novamente ela dá dicas a respeito de sites, autores e datas. “Ver se é uma fonte conhecida, saber se é um site que surgiu só neste tempo de campanha ou se é um veículo de notícias que sempre foi acompanhado e se mostra verdadeiro. É preciso ver a notícia inteira, saber criticar aquilo que lê, sempre denunciar notícias e fontes falsas e na dúvida é melhor não compartilhar”, disse Guimarães.
O padre falou sobre o cuidado em não disseminar o discurso de ódio, para apoiar um candidato não é preciso desmerecer os outros. “Tomar cuidado quando a notícia vem acompanhada de um discurso de ódio, não usar palavrões. Nos últimos anos tem sido construída uma política polarizada, entre ‘os do bem e os do mal’, ‘nós e eles’, então, uma política que divide nunca é benéfica, por isso a cartilha faz estas orientações. Já que vivemos em uma democracia o povo precisa governar junto, mesmo que eu não me sinta representado pelo candidato que foi eleito, ao invés de odiá-lo, eu preciso dar a minha contribuição. A questão da polarização serve tanto para os candidatos quanto para os eleitores, em vez de ficar destruindo a imagem do outro precisamos debater as ideias”, ressalta Hélio.
Em anos anteriores, a cartilha era discutida nos encontros religiosos, na catequese, mas devido à pandemia do novo coronavírus ela está alcançando as pessoas pelo meio virtual. “Às vezes, corremos o risco de ter medo da política ou ter ódio dela, mas eu convido as pessoas que procurem saber mais para votar de maneira consciente, às vezes, pensamos que política não tem nada a ver com a gente, mas toda a realidade que afeta a minha família o meu trabalho, a rua onde moro, ali está acontecendo a ação política e todas participam disso com os impostos pagos, desde o produto mais barato, até o voto e o acompanhamento do político nos anos de gestão”, finaliza o reitor.