Jaqueline Lopes
O candidato ao senado do Paraná, Sergio Moro (União Brasil), esteve em Irati e região na quarta-feira (17). Ele visitou a Aciai, a Prefeitura, a redação do jornal Folha de Irati e participou de um evento em Rio Azul, depois seguiu para São Mateus do Sul. O ex-juiz e ex-ministro concedeu uma entrevista para o jornal e falou das propostas e da carreira profissional.
Sergio Moro nasceu em Maringá, é formado em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), fez mestrado e doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Aos 24 anos, entrou para o judiciário e ficou por 22 anos. Já atuou em processos como Escândalo do Banestado, e interrogou um dos maiores traficantes de armas e drogas da América Latina, Fernandinho Beira-Mar. E foi o juiz principal na Operação Lava-Jato, que acredita que foi seu grande trabalho no judiciário, em que rompeu com a impunidade da grande corrupção. Foi ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro, cargo que deixou em 2020, e, atualmente, é candidato ao Senado do Paraná pelo União Brasil.
Moro é casado há 23 anos com Rosângela Moro, tem dois filhos, inclusive, contou uma história pouco conhecida. Em uma consulta médica o casal foi informado que não poderia engravidar, mas, em pouco tempo de casamento, nasceu a primeira filha. Hoje, com 21 anos está se formando em Direito. O pai queria que ela seguisse na área de informática, mas sempre incentivou e apoiou nos projetos.
Esta é a primeira vez que Sergio Moro disputa um cargo político, e decidiu ingressar para manter a pauta de “integridade e honestidade”. Ele conta que sentiu um chamado. “Foi como se fosse um grilo soprando no ouvido falando ‘olha, sua missão não acabou, sua carreira está incompleta’”, disse. Mesmo como ministro, diz que se via como técnico, não político, e quer fazer mudanças. “Vou entrar na política para ser uma voz forte e independente, defendendo as pautas que acredito, e que acredito serem as mesmas dos brasileiros. Acima de tudo a honestidade”, completa.
“Vou entrar na política para ser uma voz forte e independente, defendendo as pautas que acredito, e que acredito serem as mesmas dos brasileiros. Acima de tudo a honestidade”
SERGIO MORO
PROPOSTAS
Uma das propostas principais de Moro para o Senado é no combate a corrupção e ao crime organizado. Ele tem como ideia ampliar o rol de pessoas sujeitas a coletas do perfil genético, pois viu que em outros países há resultados positivos; acabar com o foro privilegiados dos políticos; execução em segunda instância, retomar a lei de proteção aos investigadores; reforma tributária, entre outras, e tem projetos para todos os setores. “São algumas propostas que tenho como senador para essa área especifica, mas como eu disse, tenho proposta para a área econômica, para os agricultores. É preciso ter políticas públicas e responsáveis”, comenta.
“A gente sabe o que fazer. Vou ao senado ser uma voz forte e independente. Quero continuar rodando o Paraná, conversando com as pessoas, e vou imprimir ao meu trabalho, se for honrado com a eleição, a mesma dinâmica que fiz como juiz e como ministro. Quero produzir resultados”, destaca Moro.
O candidato acredita que podem haver resistências para implantar suas pautas, especialmente ao combate a corrupção, e isso será difícil de ser trabalhado, mas não irá desistir. “Política é arte do diálogo, você consegue encontrar, muitas vezes, aliados inesperados. O cenário político muda rapidamente. Também queremos trabalhar com outros temas, que talvez não tenha tanta resistência da classe política. O senador é para discutir os grandes projetos nacionais, mas ele perde o rumo se não se atentar a questões locais”, ressalta o ex-juiz.
LAVA-JATO Sergio Moro ficou conhecido nacionalmente por julgar processos da Lava-Jato, e condenar, em primeira instancia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o ex-juiz, esta foi a maior atuação na carreira jurídica, “a lava-jato foi uma conquista da sociedade brasileira. A gente não tem como dar certo como país apostando em desonestidade”, observa. Sobre Lula poder concorrer a uma vaga presidenciável, Moro diz que “é um tapa na cara do brasileiro”, e se Lula for eleito serão tempos difíceis. “Aí sim nós precisaremos de vozes independentes e fortes no Congresso nacional para fazer oposição, que não se venda por cargo comissionado e verba. Acho que já provei pelo que fiz no passado, tanto na Lava-Jato quanto ministro da Justiça, até saindo do cargo, que não me vendo por cargo”, finaliza.
ELEIÇÕES
Inicialmente, Moro estava filiado ao Podemos, com a perspectiva da legenda presencial, porém, no curso desse processo, faltou apoio partidário para prosseguir, e assim se sentiu liberado a percorrer outros caminhos. “Acabei readequando meus planos para o União Brasil e para concorrer ao senado”, comenta. O candidato enfatiza que tem uma carreira pública totalmente independente de partidos políticos ou agente político, e tudo que fez foi com trabalho e dedicação.
Ele explica que se identificou com as pautas do União Brasil, que é de Centro-direita. “Acredito que o desenvolvimento econômico vem da iniciativa privada, a criatividade, investimento privado, um pouco daquela ideia de que a pessoa pode se tornar uma versão melhor dela mesma, e para isso precisa de liberdade e oportunidades, que é o motor de desenvolvimento econômico”, disse. “Claro que isso não se faz em prejuízo de políticas publicas sociais como em educação e saúde a própria questão da segurança pública, mas é uma pauta de centro-direita. E quis levar ao União Brasil essa pauta de integridade, do combate a corrupção, da segurança pública”, completa.
Em relação à disputa contra Alvaro Dias, que é candidato a senador e está no Podemos, Moro diz que “da minha parte, a disputa com o senador vai ser feita em alto nível, com respeito, com discussão de propostas e quem tem mais credibilidade para conduzi-las”, observa.
O União Brasil está na coligação do governador Ratinho Junior para reeleição, e Moro dará todo o apoio. Já para a presidência do Brasil, Sergio irá apoiar a candidata do União Brasil, Soraya Thronicke, que tem as pautas do centro –direita. Ainda, ele enfatiza que, se houver um segundo turno, pelo histórico que tem, pelas pautas do partido e também de forma particular, não há chances de estar do lado do PT. “Jamais. Isso posso dizer com toda a certeza”, ressalta.
MINISTÉRIO
Moro foi ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro, de 2019 a abril de 2020. Segundo ele, foram geradas circunstancias que o obrigaram a deixar o governo. Durante este período, Moro acredita que iniciou um momento virtuoso na Segurança Pública. Ele cita que em 2019, houve uma queda de 22% nos assassinatos no país, dados do IPA. Apresentou o projeto anticrime e conseguiu aprovar a execução imediata dos veredictos do tribunal do júri. Ainda, isolaram as lideranças do PCC (maior organização criminosa do Brasil). Já tinha planejado uma série de políticas que queria implantar como desenvolver a o sistema do DNA e programa vigia, etc.
Moro acredita que, como ministro, conseguiu dar passos na direção certa do combate ao crime organizado, que, de acordo com ele, precisa de investigação, prisão e isolamento dos lideres e confisco do patrimônio dos criminosos. Em 2019, foi aprovada uma lei sobre o tema. “Fizemos coisas boas, mas não consegui fazer tudo que queria, especialmente, no combate a corrupção, porque a gente teve esses revés, a reação política, que foi muito forte”, conta.