Karina Ludvichak
A cadeia produtiva do leite foi tema central de uma reunião promovida pela Secretaria Municipal de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar de Irati, em parceria com o IDR-Paraná, realizada no CT Willy Laars na última terça-feira (09). O encontro reuniu dezenas de produtores e especialistas para discutir estratégias de fortalecimento da atividade, abordando desde questões de manejo de solo e nutrição animal até o acesso ao crédito rural. O objetivo, segundo os organizadores, foi oferecer informações técnicas e práticas que contribuam para a valorização da bovinocultura de leite no município.
O secretário de Agropecuária de Irati, Amilton Brandalize, destacou a importância da iniciativa e ressaltou o trabalho da equipe técnica que acompanha os produtores locais. “Esse evento surgiu com uma conversa com o nosso técnico Abel, que faz muitos anos que está na pecuária leiteira, e é o nosso incentivador. A ideia foi trazer palestrantes para esse encontro com produtores leiteiros da nossa cidade de Irati, do nosso interior, para que tenha mais essas palestras, para que possamos aperfeiçoar mais ainda a atividade leiteira”. Ele lembrou também que a Prefeitura tem investido em programas de apoio, como o Porteira Adentro, que disponibiliza serviços de produção de silagem, construção de esterqueiras e melhorias em estradas rurais, facilitando o escoamento da produção.
O médico veterinário e chefe regional do IDR-PR em Irati, Mauricio de Barros, apresentou um panorama sobre o crédito rural e o Pronaf, destacando os desafios enfrentados pelos produtores da região. “Um problema bem sério nessa região é você não ser proprietário de terra, não ter documentação suficiente do teu terreno. Então os bancos ou as cooperativas de crédito precisam de garantias. E ainda muitas pessoas não acessam o crédito por receio. Mas a gente quer mostrar que o crédito é uma possibilidade e às vezes uma necessidade, especialmente em linhas de custeio, que mantém durante um ciclo produtivo despesas como alimentação, compra de ração, medicamentos. Tudo isso você pode financiar”, explicou. Para ele, embora muitos tenham abandonado a atividade, aqueles que permanecem têm buscado a intensificação produtiva, com sistemas modernos de manejo e confinamento, o que torna a cadeia leiteira mais promissora.
Já o técnico agrícola da Secretaria Municipal de Agropecuária, Osnei Abel, que atua diretamente na assistência técnica junto aos produtores, reforçou a relevância da bovinocultura de leite para a economia do município. “Nós temos um trabalho já de assistência técnica às propriedades rurais dentro do município, através da Secretaria Municipal de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar. É uma parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural, IDR, ao qual eu fui capacitado para trabalhar e eu estou aí no projeto do leite desde 2019. Então, nós temos hoje 74 produtores de leite dentro do município de Irati, com a produção média em torno de 34 mil litros de leite por dia. Então, é uma cadeia produtiva bastante importante para o município, visto que nós estamos em quinto lugar no VBP do município, que é o Valor Bruto da Produção, nessa atividade leiteira”, explicou.
Ele ressaltou que, apesar da redução do número de propriedades envolvidas nos últimos anos, a produção total não caiu, mas sim aumentou, em razão do investimento em genética, infraestrutura e tecnologia. Abel também chamou a atenção para um aspecto muitas vezes invisibilizado: a participação feminina. “Tem de um fator fundamental no dia a dia nas propriedades… o papel da mulher. Muitas vezes são as protagonistas, e que exercem muitas vezes o papel de liderança na condução da atividade leiteira”, destacou.
A zootecnista e representante da Cooperativa Bom Jesus, Maysa Dalmass, abordou a importância da nutrição animal para melhorar os resultados dentro das propriedades. “A intenção era justamente a gente pontuar algumas coisas nesse sentido. A gente enfrenta aí momentos em relação a preço de leite e tudo, mas tem muita coisa que a gente pode fazer, não só em termos de nutrição, para trazer resultados da porteira para dentro e melhorar o resultado do leite. Então desde uma boa criação de bezerras e novilhas, praticar uma dieta pré-parto, atenção nos pontos de manejo alimentar e nutrição ali, constância no trato, no fornecimento da dieta para os animais. Então são pontos que realmente fazem diferença na eficiência do produtor”, afirmou. Segundo ela, um dos erros mais comuns é o manejo inadequado da silagem, que compromete tanto a qualidade do alimento quanto a produtividade do rebanho.
“A ideia foi trazer palestrantes para esse encontro com produtores leiteiros da nossa cidade de Irati, do nosso interior, para que possamos aperfeiçoar mais ainda a atividade leiteira”.
– Amilton Brandalize, secretário de Agropecuária de Irati
Durante o encontro, os participantes também puderam acompanhar a fala do técnico agropecuário do IDR-Paraná e produtor de leite, Ericson Adrianczyk, que apresentou boas práticas no manejo do solo e no uso de dejetos bovinos aplicados à produção de milho para silagem. Ele defendeu que, quando bem administrados, esses recursos contribuem para aumentar a sustentabilidade da atividade e reduzir custos dentro das propriedades.
A reunião buscou garantir o fortalecimento de uma cadeia produtiva que tem impacto direto na economia e na geração de renda no município. O diálogo entre gestão pública, cooperativas e agricultores demonstrou que, apesar dos desafios, a atividade segue firme, com espaço para crescimento e valorização.
