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Irati PR, 10:33, 15°C

Reunião reuniu representantes do Ministério Público, da Sanepar, do Executivo e Legislativo, além da participação ativa da comunidade local, que expressou sua insatisfação com a situação.
Foto: Ana Mattos

Ana Mattos

Na última sexta-feira (14), a Câmara Municipal de Irati realizou uma audiência pública para debater a questão da escassez de água que tem afetado a cidade nos últimos meses. O evento teve como objetivo central discutir as causas e possíveis soluções para o problema, especialmente nos períodos de calor intenso, quando a demanda pelo recurso hídrico se torna ainda mais crítica. A audiência contou com a presença da promotora de Justiça, Gabriela Cunha Melo Prado, representantes da Sanepar, vereadores, prefeito e diversos cidadãos, que expressaram suas preocupações e buscam respostas para as dificuldades enfrentadas com o abastecimento de água.

A promotora de Justiça destacou o trabalho da promotoria na fiscalização das ações da Sanepar, a companhia responsável pelo abastecimento de água em Irati. Ela informou que um inquérito civil está em andamento para monitorar o cumprimento do cronograma de ações da empresa. A promotora também enfatizou a importância das pessoas registrarem as reclamações, visto que a Sanepar trabalha com base na demanda. “A teoria é bem diferente da prática, eu acho que todo mundo, os munícipes, os cidadãos estão vendo isso na prática, que não são só flores. Mas eu ressalto novamente para a população, façam a reclamação. A Sanepar trabalha por demanda e é necessário esse dado para que ela possa ver efetivamente a falta de água e agir. Façam a reclamação.”, declarou.

Em sua avaliação sobre a reunião, Helio de Mello ressaltou que a audiência pública tem um papel essencial de ouvir as demandas da população, um princípio fundamental da Casa Legislativa, que é, segundo ele, considerada a “Casa do Povo”. “É aqui que as coisas acontecem. Então, precisamos dar ouvido, dar voz à população, às dores da nossa comunidade”, afirmou o presidente.

O prefeito Emiliano Gomes também se pronunciou, destacando o trabalho conjunto entre os diferentes poderes para encontrar soluções. Ele reforçou a necessidade de a Sanepar acelerar as obras e de que o município não fique mais refém de falhas no abastecimento de água. O prefeito também anunciou a busca por recursos estaduais para ajudar famílias mais carentes com a distribuição de caixas d’água, “as caixas d’água tem um programa do estado que a gente já disparou ofícios para a gente conseguir essas caixas as comunidades, as casas, as famílias mais carentes, mais em vulnerabilidade”, argumentam o prefeito.

Além disso, Emiliano ressalta a importância da pressão da comunidade e dos vereadores sobre a Sanepar. “Eles foram muito tranquilos e explicaram todas as situações. Acredito que as cobranças feitas hoje, tanto pela população quanto pelos vereadores, vão refletir em ações pontuais. Eles sentiram, com a pressão que foi colocada, que é necessário fazer ajustes”, afirmou o prefeito, demonstrando otimismo quanto à resolução do problema.

Helio também destacou a relevância da presença dos responsáveis pelos serviços de abastecimento, como a Sanepar, que teve a oportunidade de apresentar suas ações e perspectivas para resolver a crise hídrica. O presidente enfatizou a importância de que as soluções apresentadas se transformem em ações concretas. “A reunião foi importante, mas precisamos de resultados. O cidadão iratiense não pode continuar sem água em casa. Precisamos que a Sanepar cumpra o cronograma de obras e melhore a qualidade do serviço, garantindo que as famílias não passem mais por essa situação”, comenta Helio

O presidente também abordou a questão da cobrança de tarifas e a necessidade de melhorar o atendimento da Sanepar, principalmente, em relação ao canal de comunicação com a população. Ele mencionou que, devido à falta de resposta, os canais de comunicação da empresa, como o 0800, não têm funcionado de forma eficaz, o que tem gerado ainda mais insatisfação entre os moradores.

O encontro também serviu para que os técnicos da Sanepar apresentassem o cronograma de obras planejadas, que incluem a ampliação da capacidade de distribuição de água de 70 para 115 litros por segundo. Além disso, foi discutido o planejamento de novos poços e a construção de uma adutora de 15 quilômetros, que deverá melhorar a infraestrutura de captação e distribuição de água.

Emiliano destacou o cronograma apresentado pela Sanepar, que prevê investimentos superiores a R$ 30 milhões até 2027, com o objetivo de aumentar a capacidade de captação e distribuição de água. A capacidade, que atualmente é de 70 litros por segundo, deve ser ampliada para 115 litros por segundo, com a construção de novos poços e a instalação de uma adutora de 15 quilômetros. “Meu compromisso enquanto prefeito é trabalhar arduamente na fiscalização, politicamente também com as nossas lideranças do Estado, para a gente de fato fortalecer esse elo com o presidente da Sanepar e para que isso não aconteça. A indignação da população é a nossa indignação, é minha indignação”, finaliza o prefeito.

Sanepar Apresenta Medidas para Mitigar a Crise Hídrica em Irati

Durante a audiência pública, a diretora regional da Sanepar, Simone Alvarenga de Campos, detalhou as ações que estão sendo implementadas pela companhia para enfrentar a crise hídrica que atinge a cidade. A representante da empresa destacou que as medidas visam tanto mitigar os efeitos imediatos da escassez de água quanto garantir a expansão do abastecimento a longo prazo, atendendo ao crescimento populacional e à demanda crescente por recursos hídricos. “A obra vem justamente atender esse crescimento do município. É uma obra complicada, demandou um projeto de engenharia complexo, o encaminhamento dessa adutora, que são 15 quilômetros de adutora, beirando a BR, tem bastante complexidade, mas a gente está muito próximo de executar essa obra”, explica a diretora.

Uma das principais ações já em andamento é o aumento da capacidade de captação de água, que passou de 63 para 70 litros por segundo. Segundo Simone Alvarenga, esse incremento já contribuiu para a diminuição da necessidade de caminhões-pipa, uma solução emergencial que havia sido amplamente utilizada nos últimos meses. Além disso, a Sanepar também está trabalhando na ampliação da capacidade de produção de água por meio da construção de uma nova estação de tratamento. As obras para essa ampliação começam em 2025 e visam aumentar a produção de água de 70 para 115 litros por segundo, ajustando a infraestrutura ao crescimento populacional da cidade e à demanda futura.

Outro ponto destacado pela diretora foi a implementação de um novo reservatório, tipo “bag”, previsto para ser concluído até julho deste ano. Essa estrutura, junto à reativação da captação e do Poço 1, permitirá um aumento significativo na produção de água a médio prazo. “Claro que a gente teve um período de bastante calor no mês de fevereiro, uma sequência de dias quentes, mas a gente conseguiu no mês de fevereiro já resolver uma boa parte fazendo esse incremento da produção”, afirmou Simone.

A Sanepar também está em fase de licitação para a construção de uma adutora de 15 quilômetros, que duplicará a capacidade de condução de água do Rio Imbituvão até a estação de tratamento. Simone Alvarenga enfatizou que as ações estão sendo tomadas de forma planejada e estratégica, com o objetivo de resolver o problema da escassez de água a curto e longo prazo. Ela destacou que, embora as dificuldades com o abastecimento tenham se intensificado no início de 2025, as obras e as melhorias em andamento são passos fundamentais para evitar que o colapso no sistema hídrico se repita no futuro.

José Geraldo Machado Filho, gerente regional da Sanepar, acrescentou que a empresa irá investir R$ 35 milhões até 2029 para melhorar a captação e tratamento de água em Irati. “Essas obras vão contemplar uma nova captação, e uma nova adutora de 15,6 quilômetros, uma expansão de 15 litros por segundo do tratamento de água. Então, a capacidade de produção de Irati vai passar dos atuais 70 litros hoje para 115 litros por segundo no final de 2027”, diz José.

A audiência, que teve ampla participação da comunidade, foi vista como um passo importante para a resolução do problema. No entanto, os presentes concordaram que, além das medidas já anunciadas, é fundamental que as ações sejam efetivas e monitoradas de perto para que a falta de água não se torne um problema recorrente em Irati.

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