Leandro Bianco
O evento inaugural da Associação de Meliponicultores e Apicultores de Irati (AMAI) foi realizado no dia 25 de maio, na Faculdade São Vicente. Na ocasião, foi instituída a diretoria provisória, que terá como objetivo conduzir os trâmites burocráticos necessários para a formalização da entidade, prevista para ocorrer em reuniões futuras.
A associação irá contemplar tanto os criadores de abelhas sem ferrão – espécies nativas – quanto os produtores de abelhas com ferrão. Um dos principais objetivos da entidade é ampliar as oportunidades de comercialização do mel e seus derivados, como cera, própolis e, futuramente, até produtos cosméticos. Outro benefício esperado é a compra coletiva de insumos e materiais utilizados na criação, como caixas para colmeias e açúcar, possibilitando redução de custos.
A AMAI também terá uma parceria com o meliponário da Faculdade São Vicente, onde serão realizados estudos e pesquisas voltados à criação de abelhas sem ferrão. Além disso, a associação pretende oferecer cursos de capacitação aos associados, por meio de parcerias com instituições como o SENAR.
Segundo Johannes Kramer, presidente interino da AMAI, a associação está aberta a todos os interessados na criação de abelhas da região, pois, quanto mais pessoas participarem, maior será a força da entidade e as possibilidades de crescimento do setor.
“Ainda tem tantas coisas a pesquisar, tanto espaço onde a gente pode colocar meliponários”, comentou. Para Johannes, além do potencial econômico, a atividade também contribui com o meio ambiente e promove bem-estar. “É um bom hobby, e ajuda a natureza, tem muitos efeitos positivos”.

A ideia da criação da associação surgiu com o tempo, à medida que criadores da região passaram a se conhecer e trocar experiências. “Tem muitas pessoas que criam abelhas em casa, ou têm interesse na natureza por causa da didática, por ser bonito, outros porque gostam de mel ou pensam em fazer safra e negociar. Tem pessoas que pagam bastante por algumas espécies especiais”, explicou.
O presidente interino também ressalta o valor da união dos produtores para promover trocas de conhecimento e apoio mútuo. “A gente quer se juntar, e um ajuda o outro, por exemplo, também com a troca de plantas, conhecimento e colmeias.” Ele acredita que, com o tempo, o grupo poderá formalizar mais ações e ampliar a produção. “Se a gente começar a produzir em quantidade maior, vai ser mais barato para o consumidor. Isso vai também ajudar. E assim, tem vários interesses que se cruzam”, afirmou.
Para Sandro Luiz Podgurski, meliponicultor e um dos membros envolvidos na criação da entidade, a associação representa também um passo importante no fortalecimento da categoria. Ele ressalta que, atualmente, muitos produtores atuam de forma isolada, o que enfraquece o setor. “Hoje, os apicultores estão meio dispersos; cada um vende o seu mel, cada um vende sua produção para um determinado atravessador, para outra pessoa, e não há um associativismo. O associativismo na produção rural, hoje, é muito grande”.
Segundo Sandro, a AMAI surge como uma resposta a essa necessidade de união e organização dos criadores. “Porque você, sozinho, para combater alguém que está fazendo a aplicação de um defensivo agrícola proibido, é uma coisa. Agora, você em uma associação, em que tem o apoio do poder público, em que tem uma coisa formal instalada, e você fazer uma reclamação formal no Ministério Público, a força é completamente diferente”.
O meliponicultor também destaca que a convivência entre os associados, por meio de encontros e reuniões, será fundamental para o desenvolvimento do setor. “A associação traz uma força, traz uma união e a disseminação de conhecimento.” Essa troca constante, de acordo com Sandro, permite a identificação de problemas em comum nas criações e, com isso, a busca por soluções conjuntas.