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O Fluminense deu mais um passo no processo de criação e venda da SAF ao apresentar ao Conselho Deliberativo, na segunda-feira, a proposta feita pelos investidores liderados pela gestora LZ Sport, braço da Lazuli Partners.
Um dos sócios da Lazuli, Carlos de Barros detalhou a proposta que prevê um aporte de R$ 500 milhões, além de um compromisso de investimento de R$ 6,4 bilhões nos próximos 10 anos. Se não houver esse investimento, está prevista a penalização dos investidores, que não poderão tirar dividendos da empresa.
Resumidamente, o grupo de milionários tricolores se compromete a reinvestir o que entrar no caixa do clube nos próximos dez anos sem poder tirar lucro até atingir essa meta.
Em entrevista ao “Seleção sportv” nesta terça-feira, Carlos de Barros afirmou que o aporte inicial é o maior de todas as SAFs formadas até aqui no futebol brasileiro. O ge reuniu os números dos outros times da Série A para comparar
Em termos de valor proporcional, Carlos está parcialmente certo. O Vasco teve uma promessa de aporte inicial superior, de R$ 700 milhões por 70%, porém a 777 pagou somente R$ 310 milhões antes de ser retirada do comando da SAF por causa de decisão judicial.
Sendo assim, somente o Atlético-MG teve valuation – termo que determina o valor de uma empresa – maior. Tanto de aporte inicial proporcional, que foi 600 milhões por 75% das ações, quanto proporcional considerando assunção das dívidas. Porém, é importante considerar que o clube mineiro foi adquirido pelos empresários que eram os maiores credores do clube e a compra inclui ativos imobiliários como a Arena MRV, diferente do caso do Flu. Isso impediu uma renegociação das dívidas e vem causando problemas de fluxo de caixa na SAF atleticana. O elenco chegou a ameaçar entrar na justiça recentemente.
A maior parte das outras SAFs negociou na casa de 90% das ações. Se os empresários quiserem comprar essa fatia das ações precisam aplicar mais R$ 489 milhões, o que colocaria o valor do aporte inicial em R$ 989 milhões
A receite extraordinária obtida pelo Fluminense em 2025 pode ainda melhorar essa proporção. O clube projeta fechar 2025 reduzindo as dívidas para R$ 750 milhões. Se tiver sucesso, os investidores terão apenas 56,8% das ações aportando o mesmo montante anunciado. Nesse cenário, os investidores precisariam investir ainda mais para chegar aos 90%.
Veja os detalhes de cada clube:
Fluminense
- Aporte inicial: R$ 500 milhões por 65% (percentual pode mudar de acordo com a redução da dívida), em até 2 anos (50% à vista).
- Dívidas assumidas: R$ 870 milhões.
- Valor implícito (aporte + dívida): R$ 1,37 bi.
- Percentual vendido: 65% (pode ser maior ou menor dependendo de redução da dívida até a aquisição).
- Valor proporcional: R$ 2,1 bi.
Vasco
- Aporte inicial: R$ 700 milhões por 70%, em 4 anos (777 pagou R$ 310 milhões antes de ser retirada do comando da SAF por causa de decisão judicial).
- Dívidas assumidas: total de R$ 700 milhões.
- Valor implícito (aporte + dívida): R$ 1,4 bi.
- Percentual vendido: 70%.
- Valor proporcional: R$ 2 bi.
Botafogo
- Aporte inicial: R$ 400 milhões (em 3 anos, sendo R$ 150 mi iniciais – R$ 50 mi via empréstimo pago previamente + R$ 100 mi à vista).
- Dívida assumida: R$ 1,1 bilhão.
- Total (aporte + dívida): R$ 1,5 bi.
- Percentual vendido: 90%.
- Valor proporcional (100%): R$ 1,67 bilhão.
Atlético-MG
- Aporte inicial: R$ 600 milhões à vista + 313 milhões da dívida dos investidores foi convertido em investimento.
- Dívida assumida pela SAF: R$ 1,5 bilhão (já descontando o valor convertido).
- Total (aporte + dívida): R$ 2,4 bilhões.
- Percentual vendido: 75%.
- Valor proporcional (100%): R$ 3,1 bilhões*.
*os principais credores do clube são os empresários que compraram a SAF, o que interferiu em uma renegociação da dívida.
Bahia
- Aporte inicial: R$ 700 milhões em investimentos (diluído em 10 anos).
- Dívida assumida: R$ 300 milhões.
- Total (aporte + dívida): R$ 1 bilhão.
- Percentual vendido: 90%.
- Valor proporcional (100%): R$ 1,11 bilhão.
Cruzeiro
- Aporte inicial: R$ 50 milhões (outros R$ 350 milhões dos 400 divulgados eram compromisso de investimento).
- Dívidas:
SAF assume dívida tributária (em troca dos CTs).
Repasse obrigatório pela SAF para a associação: R$ 682 milhões em 18 anos (20% receitas + 50% lucros). - Total (aporte + repasses): R$ 732 milhões.
- Percentual vendido: 90%.
- Valor proporcional (100%): R$ 0,81 bilhão.