ge
O jogo contra o Vitória era uma chance para o Vasco conquistar tranquilidade no Brasileirão, indo para a Data Fifa longe do Z-4, com três pontos em casa, em um domingo ensolarado em São Januário. Apesar do gol de Nuno Moreira logo cedo, a partida não foi nem um pouco tranquila. Depois de várias reviravoltas, o objetivo final foi alcançado, em um jogo no qual Fernando Diniz teve de aplicar um “tudo ou nada” para conquistar o resultado que parecia que não viria.
Não que o Vasco não tenha ficado próximo de vencer a partida em diversos momentos. O time ficou duas vezes na frente do placar em São Januário. Mas os três gols do Vitória foram um banho de água fria na torcida vascaína, em especial o terceiro gol. Na base do abafa “com a pressão do esquema 2-2-6 que Diniz lançou no fim da partida” e com a estrela das joias vascaínas, a equipe chegou ao quarto gol e saiu de campo com a vitória por 4 a 3 e os três pontos na conta.
Primeiro tempo péssimo
Ninguém resumiu melhor o primeiro tempo do Vasco do que o próprio Fernando Diniz. Como disse o treinador, a equipe vascaína só fez o gol no primeiro tempo, aos cinco minutos. Em uma arrancada pelo lado direito, Rayan foi desarmado, mas recuperou a bola e tocou para PH. Convocado para seleção brasileira neste domingo, o lateral cruzou na cabeça de Nuno Moreira para o português abrir o placar em São Januário.
Mas não passou disso. Logo depois, o Vitória dominou as ações completamente. Até o gol de empate, a equipe baiana já havia criado duas boas chances no ataque para marcar. O Vasco recuou as linhas de marcação, deixou de pressionar o time de Jair Ventura e teve muita dificuldade para manter a posse de bola.
Quando a equipe tentou se postar no campo adversário, espetando os laterais no ataque, o Vitória roubou a bola e foi fatal. Erick girou como quis em cima de Nuno e Tchê Tchê e encontrou ótimo lançamento para Cantalapiedra marcar o empate dos baianos em São Januário. Se o Vasco pensou que o adversário iria se contentar com o empate aos 26 minutos, errou na avaliação. A equipe visitante seguiu em cima e virou oito minutos depois, com Lucas Halter de cabeça, em lance de falha da defesa, e no qual Léo Jardim poderia ter saído do gol.
As vaias no intervalo da partida foram merecidas para um time que se acomodou após abrir 1 a 0 e levou a virada. Em entrevista coletiva, Diniz afirmou que não pediu para a equipe recuar. Mas além do recuo exagerado, houve falta de combate no meio de campo e dificuldade para jogar por dentro. A titularidade de Tchê Tchê novamente não teve efeito, e o volante teve partida apagada com e sem bola. Em um jogo que tinha pouco controle, a presença de Vegetti quase não foi notada no ataque.
Outro jogo no segundo tempo
Seja pelas entradas de Andrés Gómez e Lucas Piton, com as saídas de Puma Rodríguez e Vegetti, ou seja pela bronca de Diniz no vestiário, é fato que o Vasco voltou em outra intensidade no segundo tempo. As entradas do atacante colombiano e do lateral deram agressividade ao time vascaíno pelos dois lados.
A equipe empatou aos sete minutos, em um bolão de PH para Andrés Gómez, que cruzou para Rayan marcar o primeiro dele na partida. A pressão dos mandantes se manteve, e a arbitragem acertou ao dar pênalti para o Vasco após um passe de cabeça de Robert Renan ser cortado pela defesa do Vitória com a mão. Cria de São Januário, Rayan, mais uma vez, teve frieza de gente grande para virar a partida.

O jogo parecia, enfim, encaminhado para o Vasco. São Januário foi ainda mais à loucura quando Lucas Halter foi expulso após dar um empurrão em Paulo Henrique. No entanto, a equipe vascaína não conseguia dar tranquilidade à torcida por muito tempo. No primeiro lance depois da expulsão, o Vitória empatou, em lance de falha feia de Léo Jardim, que catou borboleta no alto e ficou no chão pedindo falta. Os baianos fizeram um gol em um time que estava com o goleiro caído.
Tudo ou nada
Com um a mais em campo, Diniz foi para o tudo ou nada. O empate não interessava ao Vasco. O esquema utilizado pelo técnico para buscar a vitória foi:
- dois zagueiros: Robert Renan e Hugo Moura (improvisado)
- dois meias: Coutinho e Matheus França
- dois laterais como pontas: Puma Rodríguez e Lucas Piton
- quatro atacantes: GB, David, Rayan e Andrés Gómez

Lucas Piton, de volta ao time depois de cinco jogos fora por lesão, foi determinante na virada. O lateral entrou muito bem no jogo, sendo combativo e forte no apoio pela esquerda. Foi do pé esquerdo do lateral que saiu o cruzamento para o gol de GB, aos 51 minutos do segundo tempo. Antes, o Vasco já havia levado perigo ao gol do Vitória, mas sem o último toque. Brilhou a estrela de mais um cria revelado em São Januário, para a festa dos quase 20 mil torcedores vascaínos no estádio.
Lições para o Vasco
O resultado merece ser festejado, mas também deve servir como objeto de análise. Como o Vasco faz jogos tão seguros contra Bahia e Cruzeiro, mas é tão vulnerável contra o Vitória? A oscilação, em um curto espaço de tempo, mostra que o time pode ter subido em um salto alto e relaxou contra uma equipe, em tese, mais frágil. O Brasileirão não dá margem para erro, e o Vasco já errou demais contra Ceará, Atlético-MG e Grêmio em São Januário. Não poderia errar de novo contra o Vitória, assim como errou contra a mesma equipe em Salvador, ao levar a virada com um a mais desde o primeiro tempo.
A diferença do time com e sem Vegetti também está clara a cada jogo. O atacante foi importante no primeiro gol do Vasco, segurando a marcação de dois zagueiros do Vitória e abrindo espaço para Nuno Moreira, mas passou da hora do argentino mostrar mais dentro de campo. Enquanto o camisa 99 está em má fase, Andrés Gómez pede passagem entre os titulares. O colombiano chegou à terceira assistência em oito jogos no clube, a maioria deles entrando no segundo tempo das partidas.
A defesa também tem que servir como ponto de atenção. Mesmo com a ausência de Cuesta no time titular, não há justificativa para o Vasco ser tão vulnerável. A equipe tem o segundo melhor ataque do Brasileirão, mas tem a terceira pior defesa da competição. Buscar o equilíbrio é fundamental.
Mas, neste momento, o importante é descansar e aproveitar a Data Fifa. O Vasco vai para a pausa de dez dias sem jogos na 11ª posição, oito pontos na frente do Vitória, primeiro time dentro do Z-4. Depois de uma sequência grande de jogos desde o último período para partidas de seleções, a equipe de Diniz terá tempo para descansar e recarregar as energias para mais uma maratona até dezembro, com o restante do Brasileirão e as semifinais da Copa do Brasil em disputa.