Osni Gomes
Cheguei em Irati no finalzinho dos anos 1980, levando comigo uma experiência de quase 30 anos bem vividos de Jornalismo. Forjado em Ponta Grossa de onde saí da editoria do jornal A Notícia, um revolucionário diário, e acumulando o cargo de correspondente de O Estado do Paraná, tive a incumbência de comandar a Folha de Irati. Fui convidado pelo Luiz Carlos Ramos, o Bolinha e pelo prefeito Alfredo Van Der Neut, um revolucionário organizador e que transformou Irati numa cidade bela, agradável e cheia de atrativos. A Folha já era um semanário atuante na cidade, mas com uma feição gráfica que deixava muito a desejar. Sua montagem era 100% tipográfica, feita em oficina própria, mas já desatualizada pelo tempo.
A princípio tentamos com o sistema tipográfico, das velhas linotipos e uma máquina impressora plana, dar uma nova dinâmica para o informativo. Contratamos o Silton Dietrich e coube a ele planejar uma nova diagramação para o jornal. Com a sua capacidade artística, transformamos a feição da Folha, criando novos espaços, segmentando as editorias e melhorando consideravelmente os textos, fotos e etc.
Foi o primeiro grande salto para fazer da Folha um jornal extremamente procurado ao fim de cada semana, com assuntos quentes, pertinentes e elaborados por uma equipe muito dedicada, onde se destacavam o Luiz Carlos Ramos (Bolinha), a colunista social Elizete Bacil e uma turma muito atinada no comercial, sob a batuta do Sidnei Jorge e a oficina comandada pelo Arnaldo Maciel Nardo.
Adquirimos uma tituleira e fomos aos poucos modernizando no que era possível. O grande trunfo era o planejamento editorial, com matérias pautadas e um sistema que foi aos poucos entrando no gosto de quem fazia e de quem não perdia uma edição sequer ao comecinho de cada sábado.
E assim foi até que o Orlando Agulham resolveu adquirir o jornal e a investir firme na sua modernização. Deixemos então o jornal tipográfico e passamos a trabalhar com o sistema “offset” um processo moderno que aboliu as oficinas, as velhas linotipos e crescemos com uma estrutura que revolucionou o jornalismo regional.
Construímos então uma nova Folha de Irati, que só cresceu, que só evoluiu e passou a ser o orgulho da cidade. Fico feliz de ter dado a minha contribuição e louvo aqueles que hoje a comandam, como o Nilton Pabis.
Fazer imprensa no Interior é um apostolado. Manter a modernidade, em tempos de tecnologia dominante é quase impossível. Quando grandes jornais do país e do exterior lacram suas portas e investem nos portais da Internet é um desafio ainda maior. A Folha resiste com galhardia e aos chegar aos seus 50 anos merece ser muito festejada. Irati deve lhe render homenagens. Afinal grande parte desta história de meio século da cidade está incrustrada em suas páginas, linha por linha, foto por foto. E isso o tempo não apaga jamais.