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Verdão conseguiu bater o River Plate na Argentina e, apesar do gosto amargo pelo gol sofrido no fim, tem muito mais a comemorar pela exibição dominante na primeira etapa
Jogadores do Palmeiras comemoram o gol de Gustavo Gómez. Foto: Cesar Greco

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Antes de começar a partida no Monumental de Nuñez, Abel Ferreira foi perguntado sobre a admiração que tem por Marcelo Gallardo, seu adversário no Palmeiras x River Plate pelas quartas de final da Conmebol Libertadores. A resposta do técnico foi um prenúncio da postura da equipe na Argentina.

“Eu admiro e respeito muito (Gallardo), mas não temo ninguém. (…) Respeitamos muito todas as equipes, mas não tememos ninguém.”

A declaração chamou atenção, já que o Verdão se preparava para um cenário hostil. Enfrentaria um dos grandes times da América do Sul, que perdeu só duas vezes no ano, com mais de 80 mil torcedores adversários. Isso não abalou o Palmeiras na vitória por 2 a 1 em Buenos Aires, nesta quarta-feira.

O técnico inovou já na escalação: lançou Andreas Pereira como titular no lugar de Facundo Torres. O camisa 8, visto como um concorrente de Lucas Evangelista, atuou junto com o volante nessa quarta. E com cinco minutos, mostrou uma de suas armas: a bola parada.

Em cobrança de escanteio precisa, colocou a bola na cabeça de Gustavo Gómez para abrir o placar. O começo de jogo era todo do Palmeiras. O ex-jogador do Fulham, aberto pelo lado direito, seguia para a região mais central do campo e tinha muito espaço para trabalhar.

Enquanto Flaco López e Vitor Roque mais uma vez formaram a dupla que encaixou, Andreas se aproximava deles a partir da ponta direita, com Evangelista um pouco mais atrás e Aníbal Moreno na frente da defesa.

Felipe Anderson teve um papel mais defensivo, formando muitas vezes linha de cinco para bloquear o River Plate. Com marcação encaixada, o Verdão era o dono do jogo e tinha mais de 60% de posse de bola mesmo num ambiente que imaginava-se intimidador.

O gol de Vitor Roque ainda na primeira etapa premiou um dos grandes nomes da equipe em Buenos Aires. A vitória por 2 a 0 era justíssima para mais um bom desempenho do Palmeiras, quatro dias depois da goleada sobre o Internacional, por 4 a 1, pelo Brasileirão.

Flaco López e Vitor Roque comemoram gol do Palmeiras contra o River Plate. Foto: Marcelo Endelli/Getty Images

Ainda que o desempenho do River Plate tenha sido questionado muitas vezes neste ano, era esperado que a equipe argentina crescesse após o intervalo. E foi o que aconteceu com as mudanças de Gallardo.

Os donos da casa reverteram o problema da etapa inicial: o Palmeiras tinha superioridade numérica no meio-campo; após o intervalo, foi o contrário.

Lucas Evangelista, Andreas e Aníbal passaram a ter mais dificuldades para encaixar a marcação, e o River assim chegava mais perto da área. Mesmo assim, sem obrigar Weverton a trabalhar.

Só que a partir das saídas de Andreas e Vitor Roque para as entradas de Raphael Veiga e Facundo Torres, o Verdão passou a não conseguir ficar mais com a bola. Flaco López, exausto, também não era mais capaz de ser um desafogo ofensivo. A bola então passou a bater e voltar.

E o recital no primeiro tempo terminou com alta dose de nervosismo após o chute desviado de Martínez Quarta, que descontou o placar já perto dos acréscimos. Pouco antes, o Verdão havia levado um susto com o pênalti de Weverton em Montiel, marcado pelo árbitro após consulta ao VAR, mas anulado por impedimento do jogador argentino.

Palmeiras tomou o abafa, mas contou com a exibição em altíssimo nível de Gustavo Gómez e Murilo para bloquear sua área e garantir a vantagem na ida.

River Plate x Palmeiras – Libertadores – Quartas de Final – Más Monumental. Foto: Marcelo Endelli/Getty Images

Levar o 2 a 1 já no fim pode dar a sensação de banho de água fria, mas o feito alviverde não foi pequeno. Vencer o River fora de casa é algo difícil de acontecer, e o desempenho do primeiro tempo empolgou.

É fato que a partir das mudanças o rumo do jogo mudou. Mas o Palmeiras jogou como Abel Ferreira avisou: sem temer o adversário. Dominou, abriu boa vantagem e volta com a vitória, ainda que pelo placar mínimo.

Não está classificado, longe disso, mas começou a eliminatória com o pé direito.

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