Irati PR, 02:53, 17°C

Criado em 2019, o programa internacional já levou diversos jovens da região para diferentes países e prepara novos participantes para 2026
Foto: Redes Sociais

Leticia H. Pabis

O programa Ganhando o Mundo foi criado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR), através da Lei nº 20.009/2019, com o objetivo de proporcionar a estudantes da rede pública estadual a oportunidade de formação acadêmica em instituições estrangeiras. Além do aprendizado em sala de aula, a iniciativa busca garantir experiências culturais e pedagógicas que possam ser aplicadas posteriormente nos colégios estaduais.


Em 2024, cerca de 1.000 estudantes paranaenses participaram com seis meses de intercâmbio na Austrália, Canadá, Inglaterra e Nova Zelândia, além de 50 nos Estados Unidos. Em 2025, novos destinos foram incluídos, como Escócia, Irlanda e País de Gales, e uma modalidade agrícola levou estudantes aos EUA. No Núcleo Regional de Educação de Irati, que contempla nove municípios da região da Amcespar, 12 estudantes já voltaram no primeiro semestre de 2025, outros 12 já embarcaram para os países e dois embarcam em janeiro. Para 2026, 35 estudantes da região já foram convocados, além de quatro em Imbituva, pelo Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa.

Matheus está estudando em Edimburgo, capital da Escócia, onde ficará por um semestre letivo europeu – Foto: Reprodução


Entre os 16 intercambistas que embarcaram pela primeira vez para a Escócia, está Matheus Henrique Gonçalves dos Santos, do Colégio Estadual Trajano Gracia, em Irati, que viajou no dia 15 de agosto. “Foi a minha primeira vez em um avião, para ser sincero me bateu um ‘medinho’, tipo um frio na barriga, mas a Amélia, que era a mulher responsável por nós, me acalmou, e ocorreu tudo bem, graças a Deus”.


Diretamente de Edimburgo, capital escocesa, Matheus destacou a mudança de rotina. “A minha experiência aqui está sendo muito legal, é tudo diferente. Eu sempre estudei em escola pequena e aqui a escola é grande, tem dois andares, e a gente que troca de classe, não são os professores. Eu já me perdi um monte de vezes, tem sido algo engraçado, eu sempre tenho que procurar algum coordenador. O povo é muito interessado nos brasileiros, a primeira coisa que perguntam é se a gente joga futebol. Eu adoro esportes e aqui faço sete aulas de educação física por semana, mais cinco de exercício e fitness. É uma experiência muito interessante”, relatou o estudante.


Hospedagem, alimentação e demais despesas são cobertas pelo Governo do Estado, através de uma host-family (família que recebe um estudante de intercâmbio em sua casa durante o período em que ele estuda em outro país) e os alunos ainda recebem R$800,00 mensais para gastos livres.


De acordo com Lizia Gonçalves Fernandes, coordenadora do Programa no NRE de Irati, “sempre convertidos na moeda local. Dólar americano, canadense, australiano, neozelandês ou libras. Dependendo da região, o estudante tem um gasto com transporte o qual pode ser pago com este valor também. A maioria não precisa pagar, mas se necessário o estudante pode usar esse valor para isso. Alguns preferem usar bicicleta, caminhar, mas outros acabam pagando. Muitas famílias os levam também, já que muitos hosts trabalham nas escolas que os recebem. Cada caso é bem individual”.


Expectativa para 2026
Enquanto alguns estudantes vivenciam o intercâmbio, outros aguardam a oportunidade de embarcar para um dos oito países participantes do programa. É o caso de Maysa Isabelli Pinto, do Colégio Estadual do Campo Guaraúna, de Teixeira Soares, convocada para a edição de 2026. “Eu estudei e me esforcei durante o meu nono ano para atingir uma pontuação alta e conseguir uma vaga no programa, mas a inscrição foi apenas no início do meu primeiro ano do Ensino Médio e irei viajar no segundo ano. Estou bem ansiosa, sei que vou viver experiências únicas e que vai ser de grande aprendizado cada dia que o Ganhando o Mundo me proporcionar em um novo país, não só de forma acadêmica, mas também cultural” disse Maysa.


Ela comentou ainda a espera pela definição do destino. “Só vou descobrir para qual país vou ao final do ano, porém o meu interesse está entre Reino Unido e Canadá. Quando fui convocada oficialmente, me senti aliviada porque até aquele momento eu só sabia que estava em 2º lugar no meu município. Assim que veio a confirmação pude finalmente me sentir feliz pela conquista”, contou.


Moacir Bortolozzo, chefe do Núcleo Regional de Educação de Irati, disse que é um orgulho ver os jovens podendo realizar estes sonhos. “Quando a gente sai do país, é uma coisa incrível. Você acaba se tornando uma pessoa diferente. E, para o aluno, isso é espetacular, eu acompanhei alguns dos meus alunos que foram quando eu era diretor e quando voltaram eu os acompanhei fazendo apresentações. É fantástico, sabe? É uma coisa que, em palavras, a gente não consegue explicar”, disse.

Vitória participou da edição 2025 e passou um semestre na Nova Zelândia. – Foto: Reprodução


Quem já retornou
Além dos estudantes em intercâmbio ou convocados para 2026, um número expressivo de estudantes paranaenses já retornou das edições anteriores. A aluna Vitória Martins, da Escola Estadual Profª Maria Ignácia, de Rebouças que passou seis meses na Nova Zelândia, destacou que a adaptação foi um dos maiores aprendizados. Segundo ela, “participar do Programa Ganhando o Mundo foi mágico: realizei um sonho, cresci como pessoa e descobri que o mundo é muito maior do que eu imaginava”.


Requisitos de participação
Lizia ainda ressalta que para participar do Ganhando o Mundo, os estudantes precisam estar matriculados na 1ª série do Ensino Médio, ter concluído o 9º ano na rede estadual e atender aos critérios do edital, que consideram notas, frequência, nível de inglês e participação em programas como Inglês Paraná e Aluno Monitor, além de cotas como Bolsa Família. As inscrições são feitas online de maneira online.


Ela diz que os alunos que desejam participar nas próximas edições devem permanecer atentos aos editais. “A dica é sempre ficar atento ao edital, pois os critérios mudam de ano para ano”.


Moacir adiciona que “para nós, enquanto professores, enquanto diretores, enquanto Núcleo, é um orgulho muito grande poder estar mandando nossas crianças, nossos adolescentes para outros países, porque eles trazem uma bagagem muito importante”.


Matheus também ressaltou o processo de seleção para participar do Programa. “Não é fácil, só cada um de nós sabe o quanto estudou para cada prova. A nossa dedicação está sendo recompensada nesse momento de a gente poder viver essa experiência”.

Leia outras notícias