Leticia H. Pabis
A Secretaria de Educação de Irati teve um projeto classificado no Prêmio Gestor Público Paraná 2025. A iniciativa, coordenada pela fonoaudióloga Elisângela Szychta, consistiu em levantar a situação do teste da orelhinha nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e encaminhar crianças com pendências para reavaliação especializada.
O trabalho começou quando foram observadas dificuldades de aprendizagem em alunos do segundo ano do Ensino Fundamental, e uma investigação acabou apontando que parte dos problemas poderia estar relacionada à audição. O levantamento, que ocorreu entre agosto e outubro de 2024, verificou 1.128 crianças, com participação efetiva de 685. Destas, 39 apresentaram pendências relacionadas ao exame, que é obrigatório para recém-nascidos no Brasil. A pandemia foi apontada como fator que contribuiu para falhas no cumprimento da política pública.
Para atendimento, a Secretaria firmou parceria com a clínica de fonoaudiologia da Unicentro, que assumiu a realização dos exames complementares. A parceria trouxe um ganho adicional, pois os dados coletados também despertaram o interesse acadêmico, e sendo utilizados em pesquisas científicas de graduandos do curso de Fonoaudiologia da universidade.
Segundo Elisângela, a ação nasceu de sua prática diária, mas acabou tomando proporções maiores. O trabalho foi reconhecido dentro da própria rede acadêmica, quando ela cursava Gestão Pública na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e utilizou a experiência como tema de seu trabalho de conclusão de curso.
Com incentivo dos professores, decidiu inscrever o projeto no prêmio, e o resultado foi a classificação de Irati entre as iniciativas de destaque no Estado após a visita de um auditor da Receita Estadual, que conferiu a execução e destacou a relevância da prática. “Fui surpreendida porque ele foi classificado nessa primeira etapa. Já tivemos uma entrevista com o auditor da Receita Estadual, onde ele veio até aqui para realmente conhecer a veracidade da ação que foi realizada. E com a explicação dele que eu fui entender que esse prêmio é algo de muita visibilidade pro município”, relatou.
Em 2025, o trabalho está ampliado para turmas de Infantil 4 e 5, abrangendo uma faixa etária ainda maior. Para garantir continuidade, foi criada uma ficha de acompanhamento, a ser preenchida pelas gestoras das instituições sempre que houver matrícula, rematrícula ou transferência, registrando informações sobre o teste da orelhinha, da linguinha e outros dados de saúde relevantes. Esse fluxo permitirá que a rede mantenha atualizado o monitoramento de novas crianças, sem depender de ações pontuais.
A Unicentro segue como parceira, realizando os exames necessários e utilizando as informações em novos estudos acadêmicos. Dessa forma, a ação une prevenção em saúde, inclusão educacional e produção científica, sem gerar custos extras para o município. Todo o processo foi realizado com a estrutura já disponível na Secretaria de Educação.
Para Elisângela, o resultado demonstra que o trabalho cotidiano pode se transformar em prática de gestão reconhecida. “Não teve custo adicional nenhum, é da minha atuação mesmo, da minha prática diária, e a gente conseguiu desenvolver algo realmente muito bom. O servidor público, ele é, por muitas vezes, criticado, ou até mesmo desvalorizado, e dessa forma eu consegui ver que a gente consegue fazer boas práticas com poucos recursos”, concluiu.