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Abimci destaca impacto da tarifa de 50% sobre exportações e cobra atuação diplomática para evitar perdas no setor
Foto: Ibama

Esther Kremer

A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) emitiu uma nota pública nesta semana sobre as consequências da tarifa de 50% que será imposta pelos Estados Unidos aos produtos do setor madeireiro nacional. A entidade reforça que a medida compromete a competitividade da cadeia produtiva, responsável por cerca de 180 mil empregos diretos no Brasil, com destaque para os estados da região Sul, onde se concentra aproximadamente 90% da capacidade instalada do setor, especialmente em pequenos municípios.

Somente em 2024, as exportações brasileiras de madeira processada para os Estados Unidos somaram cerca de US$ 1,6 bilhão, o que representa, em média, 50% de toda a produção nacional. “Porém, alguns segmentos madeireiros dependem exclusivamente dos EUA, com 100% de suas vendas atreladas a esse mercado. Por isso, desde o anúncio da possível taxação pelos Estados Unidos, instalou-se a insegurança no mercado, levando o nosso setor ao início de um colapso”, diz a nota.

De acordo com a associação, diversos contratos com importadores dos Estados Unidos estão sendo cancelados e embarques suspensos. Atualmente, cerca de 1.400 contêineres com produtos madeireiros estão em trânsito marítimo rumo aos EUA e outros 1.100 se encontram em terminais portuários brasileiros aguardando embarque. Diante dessa situação, empresas do setor iniciaram férias coletivas. “. A produção está sendo reduzida em praticamente todo o setor e, em vários casos, com paralisação total. Nesse momento, nosso grande desafio é lutar pela manutenção dos empregos e continuidade das atividades industriais”.

A Abimci participou da reunião interministerial promovida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), realizada no dia 15 de julho em Brasília, e reforçou ao Governo Federal a urgência da situação. A entidade solicitou que as negociações com os Estados Unidos sejam conduzidas com base na diplomacia e em critérios técnicos.

A associação também defende o pedido de prorrogação do prazo para implementação da tarifa, medida considerada essencial para adequações contratuais e logísticas. A Abimci recomenda, ainda, que o Brasil não adote medidas de reciprocidade tarifária, para evitar uma possível interpretação de retaliação que, segundo a entidade, poderia dificultar ainda mais o diálogo com o governo norte-americano.

“O setor de madeira processada está fazendo a sua parte, assim como os demais setores produtivos que têm participação significativa no mercado norte-americano, municiando o governo com dados, cenários e as prováveis consequências que essa taxação vai ocasionar. No entanto, as negociações transcendem nossa atuação setorial e exigem uma ação governamental imediata”, complementa a nota.

Finalizando a nota, a entidade pede ao governo brasileiro para que mobilize todos os instrumentos diplomáticos e comerciais disponíveis com o objetivo de reverter a medida antes que os impactos se tornem maiores. A associação defende, ainda, uma aproximação mais efetiva com os Estados Unidos e reafirma que a via diplomática é o caminho mais adequado para preservar os interesses do país, a continuidade da indústria e a manutenção dos empregos.

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