Leandro Bianco
Durante a 17ª edição da Festa da Soja, realizada no último fim de semana na comunidade da Ponte Alta, em Prudentópolis, Laércio Dalla Vecchia — conhecido como Laércio, o Agricultor — palestrou a convite da Prefeitura do município, compartilhando práticas do dia a dia no campo, além de sua trajetória, conquistas e aprendizados com os produtores da região.
Descendente de italianos, Laércio mora há 42 anos em Mangueirinha, no sudoeste do Paraná, e tem se tornado uma referência em agricultura sustentável entre os produtores do país, por meio das redes sociais, onde compartilha suas experiências no campo. “Sempre gostei de fazer testes no campo, de ver o que dava certo e o que dava errado. E fui compartilhando isso, sem imaginar que tanta gente ia se interessar. Hoje eu fico muito feliz em usar essa ferramenta para compartilhar tudo o que eu faço que dá certo e também o que eu faço que dá errado, para que, quanto mais a gente compartilha, mais a gente aprende”, ressalta.
A filosofia de compartilhar conhecimento vai além das redes sociais para Laércio, que considera os momentos de troca com outros produtores essenciais para o avanço da agricultura. “Hoje, o principal insumo, o que mais faz diferença, são pessoas, são atitudes. A gente colocar em prática o que a gente sabe, conhecimento — hoje isso é o principal insumo. E, muitas vezes, para aumentar a produção, não precisa gastar mais, e sim fazer o básico bem feito”.
Na safra 2019/2020, o agricultor foi campeão do Desafio Nacional de Produtividade do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), alcançando uma produção de 118,8 sacas por hectare. “Com boas práticas agrícolas, rotação de cultura e boas condições climáticas, nós conseguimos um alto teto produtivo”, explica, referindo-se aos fatores que contribuíram para a conquista.

Entre os fundamentos que Laércio defende para uma agricultura mais sustentável e de alta produtividade estão a descompactação do solo, a presença constante de cobertura vegetal, o fornecimento adequado de oxigênio e nutrientes, além da diversificação com plantas de serviço — espécies que ajudam a enriquecer o solo, fornecendo nitrogênio naturalmente. “Rotação de cultura melhora o ambiente, nos dá satisfação. Eu posso garantir para vocês algo bem interessante: a partir do momento que você embarcar nessa agricultura sustentável, você se apaixona e não sai mais dela”.
Para finalizar, Vecchia deixou um recado para os produtores do Paraná e de todo o Brasil:
“Nós, da agricultura, estamos vivendo momentos em que os custos de produção estão cada vez mais altos e limitando bastante a nossa lucratividade. Então, precisamos fazer o básico: cuidar da terra, melhorar o ambiente, para termos menos pragas e menos doenças. […] Esse solo que nós estamos cuidando hoje não é nosso — ele é emprestado de Deus. Nós precisamos honrar o solo que Deus nos deu”, refletiu.