Pintura na Igreja Nossa Senhora da Luz causa polêmica entre os fiéis

Fiéis reclamam, principalmente, sobre mudança de cores e possível remoção da imagem de Nossa Senhora da Luz da fachada da Igreja

Esther Kremer

A reforma da Igreja Matriz Nossa Senhora da Luz em Irati tem gerado questionamentos entre os fiéis que frequentam a mesma. A principal crítica refere-se às novas cores das torres e do teto, que, segundo a população, não correspondem às originais e não seguem a estética religiosa da construção.


A história da Nossa Senhora da Luz se iniciou em 1904, com uma pequena capela que hoje estaria localizada na Rua Carlos Thoms, atual Agência dos Correios. Em 1926, com as péssimas condições em que a estrutura de madeira da capela se encontrava, o padre Sebastião Mendes, que era o sacerdote da capela, começou a busca, junto ao Cel. Emilio Gomes e outras autoridades da época, de uma localização para a construção de uma nova igreja. Hoje, a Igreja está localizada em frente a Praça que leva o mesmo nome da Igreja.


O Jornal Folha de Irati recebeu diversas menagens contrárias as obras de pintura que estão acontecendo. A equipe ouviu diversos fieis que não quiseram se identificar por medo de futuras represálias, mas todos reclamam das mesmas situações: as cores das torres e telhado, e a possível retirada da imagem de Nossa Senhora Luz da frente da Igreja.


O padre Jorge Casimirski, responsável pela paróquia, se manifestou sobre as reclamações em conversa com a equipe da Folha de Irati, embora tenha optado por não gravar uma entrevista. Ele explicou que as alterações foram realizadas em parceria com o Conselho e que um projeto de arquitetura foi elaborado e disponibilizado para discussão. Segundo o padre, o projeto permaneceu na sala do Conselho por cerca de quatro meses sem que houvesse questionamentos ou interesse por parte da comunidade. A situação mudou, no entanto, com o início da reforma, levando a um aumento das críticas, que, segundo ele, chegaram a assumir um tom acusatório.


O padre também falou sobre a mudança da pintura nas torres e, segundo ele, a cor anterior, azul, não corresponde a nada envolvendo a imagem de Nossa Senhora. Ainda, ele comentou que a cor anterior acumulava muita sujeira, o que se tornava difícil a limpeza com o passar do tempo.
Segundo Casimirski, a nova tinta presente nas torres da Igreja é feita com material emborrachado, o que ajuda com a situação das infiltrações recorrentes que o prédio passava.


Outro ponto de preocupação destacado pelos moradores é a possível remoção da imagem de Nossa Senhora da Luz, que atualmente está pintada na fachada da Igreja. Muitos temem que a nova reforma não inclua essa importante representação, aumentando o descontentamento em relação ao projeto.


HISTÓRICO
Em 1926, foi construída uma capela provisória ao lado da atual matriz, em um terreno doado por Cel. Emilio Gomes, onde atualmente está o C.A.M., e então, no dia 25 de julho de 1926, a pedra fundamental para a construção da Igreja Matriz São Vicente de Paulo foi benzida. Em 1931, Pe. Paulo Warkocz, sacerdote responsável pela capela, recebeu o decreto da criação da paróquia, a qual o bispo Dom Antonio Mazzarotto decidiu homenagear Nossa Senhora Da Luz.


O historiador e escritor Herculano Batista Neto, falou sobre as cores históricas da Igreja, segundo ele, “historicamente a intenção do azul na cúpula das torres foi retratar o simbolismo mariano nas cores do manto da Virgem Maria. Antes da última grande reforma, a Igreja (anos 90), em seu espaço interior também trazia pastilhas em cor rosa, com a mesma intenção. O pastilhamento frontal também teve esta intenção quando foi o substituto do grande vitral encimando as portas de entrada em 1975. Ainda hoje é assunto polêmico”, disse ele.


Desde a época da grande reforma na Igreja, as cores são tradicionais e seguem uma arquitetura religiosa que, segundo os fies, deveria ser mantida. Ainda, o padre Jorge comenta que está disponível para tirar qualquer dúvida que os fiéis possam ter envolvendo as reformas.

Foto do projeto que foi feito para a reforma da Igreja – Foto: Esther Kremer


A OBRA
Segundo o padre, a previsão para o término da obra é para o final de fevereiro, mas apenas a parte externa da Igreja. A parte interna ainda não tem previsão de início, a mesma já está em projeto e contém alterações na parte estética.


O projeto referente a reforma contempla, além da mudança na pintura, em diversos espaços da Igreja, alguns pontos de luz como por exemplo, na cruz no topo de cada torre da Igreja, na fachada e na porta principal.


A situação mostra um descompasso entre a administração da paróquia e a comunidade local. Enquanto o padre Jorge defende que todas as decisões foram tomadas de forma transparente e com a devida consulta, os fiéis sentem-se excluídos do processo, levantando questões sobre a preservação da identidade religiosa e cultural da Igreja.

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