Ana Mattos
A apresentação do tradicional Teatro da Paixão de Cristo, encenada pelo Grupo de Teatro São Francisco de Assis, emocionou a região na Sexta-feira Santa (18), em um espetáculo que reuniu fé, emoção e uma expressiva participação popular. Realizado no Centro de Tradições Willy Laars, o evento contou com mais de 400 voluntários, entre atores, figurantes e equipe técnica, que se dedicaram por semanas para levar ao público uma experiência tocante e reflexiva sobre os últimos momentos da vida de Jesus Cristo.
O presidente do grupo, Vanderlei Kawa, destacou a trajetória marcada por desafios e superações ao longo dos anos. “Sempre repito duas palavras: gratidão e superação. Às vezes pode parecer repetitivo, mas elas definem bem tudo que vivemos. Desde 1988 estamos nessa missão. Hoje, eu e o Kinho seguimos como herdeiros dessa história. Ver tantas pessoas se unindo, tantas crianças se encantando pelo teatro e pela fé, é algo que nos toca profundamente. Nos bastidores, parece até uma grande produção cinematográfica, com imprevistos, obstáculos e muito trabalho. Mas tudo vale a pena quando conseguimos levar essa mensagem tão poderosa”, afirmou, emocionado.
O diretor artístico do espetáculo, Célio Marcos de Oliveira, conhecido como Kinho, reforçou o papel transformador da arte na vida dos jovens. Segundo ele, o grupo se renova constantemente, com a chegada de crianças e adolescentes que se envolvem com entusiasmo e espiritualidade. “É inspirador ver as crianças pedirem para rezar antes e depois dos ensaios. Elas estão aprendendo desde cedo que a Páscoa é muito mais do que ovos de chocolate — é o dia da ressurreição de Cristo, um momento de renovação e esperança”, pontuou.
Além do impacto espiritual e artístico, o teatro também chamou atenção pela organização e pela presença do público. O prefeito de Irati, Emiliano Gomes, acompanhou a encenação de perto e destacou a importância do evento para a cidade. “É um momento de conexão com a fé, de reflexão e fortalecimento dos laços familiares. Confesso que me emocionei diversas vezes ao longo da apresentação. É admirável o trabalho desse grupo de voluntários que se entrega por completo a esse projeto. Enquanto gestor público, também levo daqui a responsabilidade de pensar na estrutura, no acolhimento das pessoas que comparecem em grande número. Precisamos garantir que todos vivenciem essa experiência com conforto e segurança”, comentou.
Nome marcante do espetáculo é Leonilton Cesar Simionato, que interpreta Jesus Cristo desde 2001. Com duas décadas dedicadas ao papel, emocionado, ele descreve sua participação como uma missão pessoal. “É uma emoção que não consigo explicar. A cada ano me pergunto como fui inspirado a seguir esse caminho. É uma mistura de cansaço, entrega e gratidão. Toda a jornada de ensaios é exigente, mas o retorno vem com o carinho do público e a força da mensagem que transmitimos. Enquanto tiver saúde, estarei aqui”, declarou.
Nelson Susko, que interpretou o Rei Herodes na apresentação, diz que o envolvimento com o espetáculo vai além da interpretação. É uma entrega espiritual. “Quando estamos aqui em cima, no cenário central, e olhamos para o público, sentimos uma emoção indescritível. Ver cada rosto voltado para nós, atento, comovido, nos faz entender que estamos ali por algo maior. A gente precisa viver o personagem, viver a cena e passar a mensagem. Esse é o nosso papel.”
Ele também ressaltou a importância do teatro como ferramenta de conexão entre os participantes e o público. “É muito gratificante ver o sorriso e a emoção nos olhos das pessoas. Esse retorno que recebemos é também a nossa alegria, nossa realização”, diz Susko.
O Teatro da Paixão de Cristo em Irati vai além de uma encenação religiosa, tornou-se um verdadeiro símbolo de fé, cultura e engajamento social. A cada edição, o espetáculo se reinventa e ganha mais força, envolvendo famílias inteiras, despertando a fé e promovendo valores como solidariedade, empatia e respeito.
